tag:blogger.com,1999:blog-37733157846841225752024-03-22T01:18:01.581-03:00Em conexãoEu sou uma mistura confusa das várias narrativas que se introjetaram em minha alma por meio de leituras, de caminhar pelo mundo com o ouvido atento para desabafos de tantas mulheres guerreiras que confiaram sua história a mim; e das narrativas que eu mesma escrevi em minhas andanças pelas Américas e pela Europa. Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.comBlogger148125tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-36781076300081395482019-03-13T22:04:00.000-03:002019-03-13T22:04:54.649-03:00Paródia<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">As armas e os barões assinalados<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Que, da ocidental praia lusitana,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Por mares nunca de antes navegados,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Passaram ainda além da Taprobana,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mais do que prometia a força humana,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Para gente remota exterminar</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Camões, </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Os Lusíadas</i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">, parodiado)</span></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-32260003997213078402018-01-19T15:20:00.000-02:002018-01-19T16:50:48.771-02:00Raduan<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9nP-Z9nI3d09ZKHT9Q1UA0SOdXPE6qoZ-gp2_mf23VzwWgsu4TbUAp5DW2JptVR6yXKyIEAPolQJqJqTaYwF-REqbDvFKMIr4ep5usr41QEhV3rjt5uNvejpeW49j7sCoYHK-z4_E19I/s1600/separation2_munch.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="380" data-original-width="534" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9nP-Z9nI3d09ZKHT9Q1UA0SOdXPE6qoZ-gp2_mf23VzwWgsu4TbUAp5DW2JptVR6yXKyIEAPolQJqJqTaYwF-REqbDvFKMIr4ep5usr41QEhV3rjt5uNvejpeW49j7sCoYHK-z4_E19I/s320/separation2_munch.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Munch, Separation</td></tr>
</tbody></table>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">"Não me mexi na cadeira quando percebi que minha mulher abandonava o seu canto, nao ergui os olhos quando vi sua mão apanhar o bloco de rascunho que tenho entre meus papéis. Foi uma caligraifa rápida e nervosa, foi uma frase curta que ela escreveu, me empurrando o bloco todo, sem destacar a folha, para o foco dos meus olhos: 'vim em busca de amor' estava escrito,e em cada letra era fácil de ouvir o grito de socorro. Não disse nada, não fiz um movimento, continuei com os olhos pregados na mesa. Mas logo pude ver sua mão pegar de novo o bloco e quase em seguida me devolvê-lo: 'responda' ela tinha escrito mais embaixo numa letra desesperada, era um gemido. Fiquei um tempo sem me mexer, mesmo sabendo que ela sofria, que pedia em súplica, que mendigava afeto. Tentei arrumar (foi um esforço) sua imagem remota, iluminada, provocadoramente altiva, e que agora expunha a nuca a um golpe de misericórdia. E ali, do outro lado da mesa, minha mulher apertava as mãos, e esperava. Interrompi o rabisco e escrevi sem pressa: 'não tenho afeto para dar'. (Raduan Nassar, <i>Hoje de madrugada</i>) </span>Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-65929978474506780072017-12-16T07:41:00.001-02:002017-12-16T07:41:49.707-02:00As meninas também morrem em Thurdorf<br />
As meninas morrem<br />
As meninas<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVkyzi_YbRVkOtgCsBYvuRBBFlNxx2b-UnMqqzQIsEMvY4uRhcgGt7RW0YmxfIhCy_Gh25cOO5L8aXvFugYFq9_F7IpDz10tLBWP4PgfxMccEJlSeX6tJ_VvKFifGbOXQ-6dSDQ_jWuVY/s1600/Renoir_as_meninas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="499" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVkyzi_YbRVkOtgCsBYvuRBBFlNxx2b-UnMqqzQIsEMvY4uRhcgGt7RW0YmxfIhCy_Gh25cOO5L8aXvFugYFq9_F7IpDz10tLBWP4PgfxMccEJlSeX6tJ_VvKFifGbOXQ-6dSDQ_jWuVY/s320/Renoir_as_meninas.jpg" width="199" /></a></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-73498453340963873502017-12-07T22:37:00.000-02:002017-12-07T22:47:14.739-02:00A Descoberta<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<i>Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse.</i></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<i>— Senta aqui, é melhor.</i></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<i>Sentou-se. Vamos ver o grande cabeleireiro, disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tato aqueles fios grossos, que eram parte dela. ( <a href="http://sanderlei.com.br/PT/Livro/Machado-de-Assis/Dom-Casmurro-033" target="_blank">continua aqui</a>).</i></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<i><br /></i>
Suspiros... a menina de 11 anos, <a href="http://www.portalescritor.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=210#.WinLZranG70" target="_blank">ela-mesmo-eu, se instala</a>. O texto estava lá, perdido no meio do livro de quinta série. Um livro horroroso, capa branca de letras vermelhas, com o símbolo do SESI para todo lado, sem graça nenhuma... Mas capa não conta história e, lá dentro, perdido entre uma lição e outra, deparei-me com esse menino atrevido fazendo um penteado. Naquela época, não havia para mim nenhum Machado de Assis, nem Dom Casmurro, nem Bentinho... Apenas Capitu aparecia ali, tão-o-que-eu-queria-ser, ganhando o primeiro beijo. Nesse tempo, eu imaginava como era esse negócio de beijar - devia de ser bom, porque mamãe que sempre foi tão pacífica, ameaçava-me com uma chinelada só de pensar ...<br />
<br />
Não sei quanto tempo se passou, um ano talvez, e lá na estante da sala, só para o meu irmão mais velho ler, estava <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Feliz_Ano_Velho" target="_blank">Feliz Ano Velho</a>. Eu queria tanto ler! Mas a mamãe fez terrorismo sobre ser um livro para o Flávio - eu não estava pronta ainda! Ah! Essas mães que não batem, mas que sabe-se-lá-como despertam medo. Como sou muito corajosa, inventei para mim mesma que o livro era muito grosso. E como lógica não estava entre os meus fortes, estabeleci uma meta: leria o livro-mais-grande-da-estante e, se conseguisse, seria adulta o bastante para enfrentar Marcelo Rubens Paiva.<br />
<br />
Vejam bem, a estante da sala não era nenhuma biblioteca dos sonhos. Dos sonhos, havia apenas a coleção de Monteiro Lobato. O restante do acervo havia sido composto à medida que os nossos professores iam pedindo. Meus pais, um projetista e uma auxiliar de enfermagem fantásticos, não tiveram a chance de ir para a universidade, mas sabiam que nós, as crianças, chegaríamos (e chegamos!). Pois bem, havia também uma enciclopédia, comprada pela mamãe no INAMPS (nada de livraria, enciclopédia se compra com caixeiro-viajante). Uns dez livros cor-de-burro-quando-foge, três livros amarelos de culinária, e três livros cinzas, com a palavra <i>Clássicos</i> grafada em prateado na lômbada. Não sei qual o critério, mas havia ali Schopenhauer, Erasmo de Roterdã e Machado. E não é que era bem o livro da Capitu!<br />
<br />
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<br /></div>
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Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-49466968919475477642017-09-26T18:55:00.000-03:002018-04-03T15:03:30.198-03:00O regresso<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="300" src="https://www.youtube.com/embed/gfaow4Ydzno" width="460"></iframe><br />
<br />
Muitos e muitos anos atrás, Ulysses partiu e levou vinte anos para retornar à casa em que Penélope lhe aguardava... Vinte anos lutando as mais duras batalhas, vinte anos vendo a morte, lidando com decepção e ódio. Na história grega, o retorno é celebrado, é festivo. Mas o que de fato acontece após vinte anos vivendo os horrores de uma guerra? Vinte anos depois de conviver com a morte, ou com a loucura, ou com a tristeza?<br />
<br />
Há um conto japonês que trata exatamente de um homem que regressa da guerra, regressa de conhecer o pior lado da humanidade. Ao chegar, sua esposa o recebe com festa, alegria, boa comida, e com toda exuberância da mulher que, apesar do passar dos anos, se manteve bela e tão apaixonada (ou mais!) quanto a menina de dezesseis anos.<br />
<br />
O primeiro encontro é celebrado junto ao mar. No momento exato em que se veem depois de vinte anos, os olhos voltam a brilhar, o coração palpita, é impossível manter a seriedade que se espera de duas almas que, após vinte anos, deveriam se comportar como amigos que não se veem há tanto tempo. Junto ao mar, longe de todas as guerras, longe da realidade, a única coisa que importa é curtir aquele momento, eternizá-lo. E cada toque lembra uma intimidade que nunca foi possível com nenhum dos amores que o sucederam.<br />
<br />
Ainda que mágico, ainda que revelador de uma sintonia incrível, era apenas um final de semana. Nos dias que se sucederam, o homem decide retornar à guerra. Talvez por culpa, medo, fuga, não importa... Durante algum tempo, a mulher continua a enviar cartas, tenta dizer para si mesma que o amor é construído de paciência, persistência, permanência, paixão e perdão. A cada carta, porém, a ferida reabre... Então, para continuar vencendo as batalhas de cada dia, as batalhas que têm vencido sozinha nos últimos vinte anos, a mulher, ainda que dolorosamente, decide diminuir a frequência das cartas, até que se silencia. Não porque deixou de se importar, mas porque foi percebendo que era uma questão de sobrevivência.<br />
<br />
<br />
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<br /></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-2266698773827701322017-07-23T18:28:00.000-03:002017-07-23T18:28:40.013-03:00A mensagem do templo budista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-KCpxINfsrZAJp4ObMKuC7nFv4vWkf4Yv99Apgl_I4UAngSNmTlfaPlYrF9-Ko21Os7i7SlLj3fjsB-TlYYI-G6nlG_K_8q9D42kTPV1ORQStfMeRe7X_NuuE5glzS24tNYeO3xVX4NE/s1600/DSC01983.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-KCpxINfsrZAJp4ObMKuC7nFv4vWkf4Yv99Apgl_I4UAngSNmTlfaPlYrF9-Ko21Os7i7SlLj3fjsB-TlYYI-G6nlG_K_8q9D42kTPV1ORQStfMeRe7X_NuuE5glzS24tNYeO3xVX4NE/s320/DSC01983.JPG" width="320" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="text-align: start;">Todas as vezes que estive em Amsterdam - e foram muitas! - encontrei o templo budista fechado. Não que o templo estivesse sempre fechado, eu é que costumo passar pelo bairro chinês apenas à noite. Hoje foi diferente. Hoje, justamente hoje, em que todas as bençãos do universo são necessárias para que amanhã seja um dia de paz. E olha a mensagem que recebi dos deuses daquela antiga civilização:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="text-align: start;"><br /></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihayEdJtZRl3YGd8Jgk8DiWrJYCty359nl-fXyow5PGg-fEiw0baW_luqaRSwXpMbKyY86X7W2zJEhTt0fUP48xKaVKw7lGreVf3yqEudh7RGW3T7MlZUfSePHa-_1dnxG-zzUnnrwG2E/s1600/IMG_20170723_124608235+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihayEdJtZRl3YGd8Jgk8DiWrJYCty359nl-fXyow5PGg-fEiw0baW_luqaRSwXpMbKyY86X7W2zJEhTt0fUP48xKaVKw7lGreVf3yqEudh7RGW3T7MlZUfSePHa-_1dnxG-zzUnnrwG2E/s320/IMG_20170723_124608235+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Espero que amanhã eu consiga trazer meu espírito em paz, "with no anger", e assim, consiga selar a paz. A paz que tem esse poder mágico de preservar tudo que houve de belo, e dar sentido às lutas e temores do passado. Enfim que amanhã seja um dia de paz.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/q6fokAoaBW4" width="460"></iframe></div>
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Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-20205733228077762432017-07-21T14:18:00.000-03:002017-07-21T14:18:39.854-03:00O Retorno da Intuição<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/nlX5TRS-2gs?list=RDnlX5TRS-2gs" width="500"></iframe><br />
<br />
During a period of my life, I heard that "love is over rated". The idea was so absurd that I haven't payed any attention, I just ignored it...<br />
<br />
Ontem, foi a última vez que eu me permiti ouvir essa frase. Foi também a primeira vez que prestei atenção em seu significado. Não há mistério, as pessoas não tiram a máscara out of a sudden... A verdade esteve sempre ali, sempre clara. Fui eu que preferi não a ouvir...<br />
<br />
Em Correndo com os lobos, Clarissa Pinkola Estés discute o nosso excesso de "academicismo" como uma das causas de abandonarmos a intuição feminina, a capacidade de reconhecer o perigo, de se afastar do Barba-azul, analisado por ela como o arquétipo do homem com quem a mulher jovem e ingênua se deixa envolver "porque não é tão mal assim.." E, como se fosse "piece of cake", recomenda<br />
<br />
<i>Tente prestar atenção à sua intuição, à sua voz interior, faça perguntas, seja curiosa, veja o que estiver vendo, ouça o que estiver ouvindo, e então aja com base no que sabe de verdade</i><br />
<br />
Ainda que não seja óbvio como reconhecer a voz interior, está na hora de eu me deixar guiar pela intuição ancestral, pelo cheiro, pelo brilho nos olhos, pelo barulho do rio, pela beleza e força das danças caribenhas...Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-58388795563226318862017-06-27T14:14:00.002-03:002017-06-27T14:19:15.463-03:00Eternamente presa na mesma narrativa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO5EeCSG0TuHKfvXipSyBiLqHnyL0ELHtgrpQ1M1aWhaTeAydRj80_W3Bfqjp70xqymL0iTyNzkE_-smskLKbMo-PghbF7n9mIFsrBPX6CdTKlfPuUOLM7Zoflliq6BR39-YaCg1AfdE0/s1600/alice.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="475" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO5EeCSG0TuHKfvXipSyBiLqHnyL0ELHtgrpQ1M1aWhaTeAydRj80_W3Bfqjp70xqymL0iTyNzkE_-smskLKbMo-PghbF7n9mIFsrBPX6CdTKlfPuUOLM7Zoflliq6BR39-YaCg1AfdE0/s320/alice.jpg" width="320" /></a></div>
No meu primeiro ano de Faculdade, foi estabelecido um sistema de "ranqueamento" dos alunos do curso de Letras para que, a depender da nota, os alunos pudessem escolher as opções de carreira (vulgo, línguas) que pretendiam cursar. Aqueles que obtivessem a melhor nota, poderiam escolher as opções mais valorizadas, como Inglês, Espanhol, Francês e - pasmem! - Linguística. Os que obtivessem as piores notas sobrariam para cursos extremamente interessantes, mas pouco práticos em termos comerciais, como Armênio, Hebraico, Grego Clássico, Russo, entre outros. Por isso, havia uma grande competição entre nós, alunos.<br />
<br />
Certa vez, cheguei à faculdade cedo e, nenhum dos meus amigos estava por lá. Vi, então, um grupinho de colegas conversando - aliás discutindo exaltados sobre a prova de Introdução aos Estudos Clássicos - e, ingênua, resolvi me aproximar:<br />
<br />
- Ela colou!!! Aquela vaca! Ela colou!!!???<br />
- Mas quem é essa Aline?<br />
<br />
E todos apontaram para mim: - É esta!!!<br />
<br />
Não, eu não havia colado. Eu apenas havia tirado 9,5 em uma prova. Não que eu fosse excelente aluna. Na verdade, na primeira prova - a minha primeira prova na USP - eu havia tirado apenas 0,5 e de tanta vergonha, estudei como uma louca. Resultado: na segunda prova, eu quase gabaritei, e fiquei com a nota mais alta da turma.<br />
<br />
Quando eu tirei 0,5, ninguém se incomodou. Poderíamos juntos falar mal do sistema, da professora, do cazzo... Ah... mas quem poderia lidar com meu 9,5, não é mesmo?<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<b><i>Se passaram quase vinte anos, e eu continuo presa na mesma narrativa...</i></b></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-10171131133232073932017-06-12T22:51:00.000-03:002017-06-12T22:51:31.128-03:00De volta às águas<div style="text-align: right;">
<i>O mar enrola na areia</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Ninguém sabe o que ele diz</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Bate na areia e desmaia</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Porque se sente feliz</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>O mar também é casado</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>O mar também é feliz</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>É casado com areia</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Seus filhos são os peixinhos...</i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Na última sexta-feira, voltei a nadar. Estava frio. Ainda que eu esteja no meio do Planalto Central, a piscina foi cuidadosamente projetada na sombra dos prédios, de modo que recebe sol apenas à tarde. Mas era preciso voltar às águas, voltar ao único lugar em que eu consigo respirar sem essa dor na garganta, que já dura um mês.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Filha de manezinha da ilha, minha vida sempre se passou perto das águas. Ainda que só pudéssemos viajar para Floripa nas férias, nasci em uma cidade bastante húmida. Meus pais gastam uma fortuna com mil estratégias para combater a humidade que provém do solo e das paredes do quarto do fundo. Sim, o quarto dos meus irmãos mais parece uma fonte do que um quarto propriamente dito. E qualquer tarde livre, sempre foi motivo suficiente para ir ao clube, ou, viajar uma horinha para a casa da vovó de Santos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mamãe conta que desde bebê, eu não podia ver uma poça d'água que já queria tirar a roupa para entrar: [bebɛ, bebɛ], eu dizia. Certa vez, estávamos acampando na Praia do Santinho, e a pequena Aline, com apenas um ano e sete meses, levantou e correu ao mar. A sorte é que meus pequenos pezinhos não conseguiram alcançá-lo, antes que minha ausência fosse notada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na água, eu era tão forte quanto meus irmãos e primos. Cinco meninos, e a pequena (e descordenada) Aline. E como era gostoso estar entre eles. Passávamos tardes inteiras no mar. Nas águas, eu podia pular dos ombros do meu irmão mais velho, dar cambalhota, e até plantar bananeira. Depois, ficamos mais independentes, e então, desafiávamos o mar. O lance era ficar de joelhos, na água, de costas para mar, e só levantar no exato momento em que a onda chegava. E, claro, nem sempre dava tempo, e eu era jogada longe, rodando como um pião no meio da onda.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na água, éramos também caçadores de marisco e berbigão. Lembro-me da Praia do Sonho, em que era possível recolher os pequenos seres - que eu adooooooooooooooro!!!! Um de nós ficava à espreita, observando quando viria a onda, enquanto os demais recolhiam as conchinhas em um balde. No final do dia, levamos nossa caça para mamãe cozinhar com apenas umas gotinhas de limão. A melhor refeição do mundo! a refeição que nós mesmos caçamos, tal qual as crianças Werekena que levam para suas mães as aves que abatem...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ah... A aldeia... O Rio Negro, o Rio Xié, o Rio Içana, o Rio Waupés, o Igapé Anamoim. Por mais longe que eu tenha ido, por mais que os dias pudessem ser difíceis ou cansativos, sempre havia o rio. E em cada momento que eu me sentia arrebatada pela vida, era possível retornar às águas, e das águas retomar a vida... Um pouco como nado borboleta, em que vamos ao fundo dos mares e, quando não é possível mais continuar, regressamos com toda força, jogando água para todos os lados, atingido aqueles que merecem, e também os que pretendiam ficar quietos...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-88505592968462871722017-06-08T21:44:00.000-03:002017-06-09T15:09:43.074-03:00Brincando de Camões<div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/WhZU2y6CE6k" width="490"></iframe></div>
<div>
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos dois primeiros anos na Holanda, estive muito sozinha. Nos primeiros meses, havia ainda pesquisadores de pós-doutoramento e de doutoramento, mas no segundo ano, não havia mais ninguém. A tese era tudo o que importava. </div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
O escritório, no décimo segundo andar, tornou-se uma espécie de Torre de Marfim, da onde eu olhava o mundo e enxergava um tabuleiro de xadrez. O mundo real foi esvaindo-se, descolorindo, desaparecendo...</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Certo dia, eu estava às voltas com um problema de fonologia. Para não perder tempo, resolvi descer ao térreo para almoçar. Como o enxadrista que antecipa as jogadas na mente, eu poderia continuar resolvendo o problema durante o almoço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWEEXIkz6lP93OJHegLrUyS-n8GlPie39O9MqZfdtT5k0YDLWCmJKAbBNsfTo0wITPmIo2vIQpQkRW4nsGj3uyi9IhdUNRg6RBQ9NsfnGxFTaMMUYCcDWEuqQxXPC1ZoV5I2N_KjNoJ2w/s1600/camoes_salvando_lusiadas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWEEXIkz6lP93OJHegLrUyS-n8GlPie39O9MqZfdtT5k0YDLWCmJKAbBNsfTo0wITPmIo2vIQpQkRW4nsGj3uyi9IhdUNRg6RBQ9NsfnGxFTaMMUYCcDWEuqQxXPC1ZoV5I2N_KjNoJ2w/s1600/camoes_salvando_lusiadas.jpg" /></a></div>
Ao chegar ao térreo, vi fumaça e muita gente. Concluí que perderia muito tempo para almoçar e, por isso retornei ao elevador para subir ao décimo segundo andar. Ao chegar, soou o alarme de incêncio. BUEMBA!!! Onde há fumaça, há fogo - "mais é inteligente demais essa menina", diria o tio Contador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como a minha sala ficava bem perto do elevador, fui rapidinho buscar os papéis com narrativas em Nheengatu. Então desci os doze andares, caminhando, tranquilamente, com a tranquilidade dos holandeses que eu encontrava no corredor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao chegar ao térreo e sair do edifício, percebi que estava nevando e eu havia esquecido o casaco. Afinal, por que lembrar do casaco que protege o corpo, quando era preciso salvar as narrativas em Nheengatu que alimentam a mente?<br />
<br />
<h2 style="text-align: right;">
<i>
Naquele tempo, o mundo real nem existia...</i></h2>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-86879710342010092972017-05-16T21:12:00.000-03:002017-05-16T21:12:15.656-03:00Quandos os pobremas são bem mais difíceis que os problemas...Das histórias que os meus alunos contam:<br />
<br />
Duas senhoras no ônibus.<br />
<br />
- Qual o certo? Pobrema ou problema?<br />
<br />
- Existe os dois: pobrema e problema... Pobrema é o que a gente passa todos os dias, lá na nossa casa. Já problema é o da aula de matemática.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Ahhhhhhhh... Linda! Amei!</div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-49760411598201909652017-03-16T18:18:00.000-03:002017-03-16T18:18:57.741-03:00O índio do século XXI<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="310" src="https://www.youtube.com/embed/uuzTSTmIaUc" width="500"></iframe><br />
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O Rio de Janeiro continua índio 450 anos depois de sua fundação, mas nenhum guarani foi convidado para a festa de aniversário. No dia 1° de março, nenhum índio soprou a velinha do tradicional bolo de quase meio quilômetro que a Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca fez para festejar os 450 anos da cidade, como parte da programação que prevê, ao longo do ano, a realização de 600 atividades: conferências, seminários, projeções, exposições, missa, performances, teatro, orquestras, bandas, salva de tiros, regata… Os índios, porém, estão ausentes de quase todas e da própria mídia, embora estejam presentes na história carioca, a passada e a atual.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A mídia, como regra geral, prefere folclorizar a figura do índio. Em pleno século XXI, jornais ainda estranham o fato de índios usarem iPhone, como se isso fosse algo inusitado. Desta forma, congelam as culturas indígenas e reforçam o preconceito que enfiaram na cabeça da maioria dos brasileiros de que essas culturas não podem mudar e se mudam deixam de ser “autênticas”.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A imagem midiática do índio “autêntico” é a do índio nu ou de tanga, no meio da floresta, de arco e flecha, tal como foi visto por Cabral e descrito por Caminha, em 1.500. Essa imagem ficou congelada por mais de cinco séculos. Qualquer mudança nela provoca estranhamento.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Quando o índio não se enquadra nesta representação que dele se faz, surge logo reação: “Não são mais índios”. O “índio de verdade” é o “índio de papel”, da carta do Caminha, que viveu no passado, e não o “índio de carne e osso” que convive conosco, que está hoje no meio de nós.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Na realidade, trata-se de manobra interesseira. Se o índio é destituído de sua identidade, nega-se a ele o direito garantido pela Constituição de 1988 do usufruto de suas terras¿—¿que são consideradas juridicamente propriedades da União. Nega-se a identidade indígena aos que hoje as ocupam. Se são ex-índios, então não têm direito à terra.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Criou-se, através dessa manobra, uma nova categoria até então desconhecida pela etnologia: a dos “ex-índios”. Uma categoria tão absurda como se os índios tivessem congelado a imagem do português do século XVI, e considerassem o escritor José Saramago ou o jogador Cristiano Ronaldo como “ex-portugueses”, porque eles não se vestem da mesma forma que Cabral, não falam e nem escrevem como Caminha.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O cotidiano de qualquer cidadão no planeta está marcado por elementos tecnológicos emprestados de outras culturas. A calça jeans, o paletó e gravata que vestimos não foram inventados por brasileiro. A mesa e a cadeira na qual sentamos são móveis projetados na Mesopotâmia, no século VII a. C., daí passaram pelo Mediterrâneo onde sofreram modificações antes de chegarem a Portugal, que os trouxe para o Brasil.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A máquina fotográfica, a impressora, o computador, o telefone, a televisão, a energia elétrica, a água encanada, a construção de prédios com cimento e tijolo, toda a parafernália que faz parte do cotidiano de um jornal brasileiro¿—¿nada disso tem suas raízes em solo brasileiro. No entanto, a identidade brasileira não é negada por causa disso. Assim, não se concede às culturas indígenas aquilo que se reivindica para si próprio: o direito de transitar por outras culturas e trocar com elas.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Foi o escritor mexicano Octávio Paz que escreveu com muita propriedade que “as civilizações não são fortalezas, mas encruzilhadas”. Ninguém vive isolado, fechado entre muros. Historicamente, os povos em contato se influenciam mutuamente no campo da arte, da técnica, da ciência, da língua. Tudo aquilo que alguém produz de belo e de inteligente em uma cultura merece ser usufruído em qualquer parte do planeta.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Setores da mídia ainda acham que “índio quer apito”. No currículo dos cursos de comunicação social que formam jornalistas, não circula qualquer informação sobre as culturas indígenas, que são vistas como algo do passado. O antropólogo Darell Posey, que trabalhou com os Kayapó, escreveu:</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“Se o conhecimento do índio for levado a sério pela ciência moderna e incorporado aos programas de pesquisa e desenvolvimento, os índios serão valorizados pelo que são: povos engenhosos, inteligentes e práticos, que sobreviveram com sucesso por milhares de anos na Amazônia. Essa posição cria uma “ponte ideológica” entre culturas, que poderia permitir a participação dos povos indígenas, com o respeito e a estima que merecem, na construção de um Brasil moderno”.<br />Esses são os índios do século XXI. A mídia olha para eles, mas parece que não os vê.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Jose Ribamar Bessa Freire é professor da Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.</em></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: tahoma, arial, sans; font-size: 15px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Retirado de: https://www.sescsp.org.br/online/artigo/9021_OS+INDIOS+DO+SECULO+XXI</em></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-16736133502553896582017-02-10T11:10:00.001-02:002017-02-16T19:24:35.859-02:00O museu a céu aberto que virou cinza<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><iframe allowfullscreen="true" allowtransparency="true" frameborder="0" height="315" scrolling="no" src="https://www.facebook.com/plugins/video.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fmarisamonteoficial%2Fvideos%2F1445128218852763%2F&show_text=0&width=560" style="border: none; overflow: hidden;" width="450"></iframe></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<span lang="PT-BR">No recém-publicado <i>The return of curiosity: what museums are good for in the 21st century</i>
(“O retorno da curiosidade: para que os museus são bons no século XXI”,
publicado em Londres pela Reaktion books, 2016), Nicholas Thomas investiga a
retomada do crescimento do número de museus no mundo a partir da última década
do século XX. Para ilustrar esse fenômeno, cita a criação de museus nacionais
no Canadá (1989), Nova Zelândia (1998), Australia (2001); o plano de desenvolvimento
de museus na China que levou o país a ter mais 3.500 museus; além da retomada
de investimento em cidades europeias, com a criação do Musée d’Orsay em 1986, e
o Musée du quai Branly em 2006, elevando o número de museus em Paris para cerca
de 150; e a reinauguração do Rijksmuseum, em Amsterdam, em 2013, após uma
década de renovação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O público respondeu a esse crescimento,
participando das exposições temporárias e permanentes, o que tem levado os
museus do mundo a baterem recordes de público – movimento que chegou também a
São Paulo, onde o Museu da Imagem e do Som (MIS), o Instituto Tomie Ohtake, a
Pinacoteca do Estado de São Paulo e o MASP, trouxeram exposições inovadoras que
colocaram essas instituições no <i>ranking </i>do
<i>The Art Newspaper</i> das mais visitadas
do mundo, como pontua <a href="http://gente.ig.com.br/cultura/2017-01-24/exposicoes-de-arte.html" target="_blank">reportagem publicada no IG</a></span><span lang="PT-BR">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Essa expansão dos museus no século XXI
contraria as expectativas de estudiosos e políticos na década de 1980, que
previam sua decadência e até mesmo extinção. Para Nicholas Thomas, a retomada
da expansão dos museus está ligada à multiplicidade de caminhos que o
expectador pode seguir em um museu, permitindo leituras inusitadas e sugerindo
conexões inesperadas, uma vez que cada visitante tem uma experiência singular
no museu, que depende até mesmo de fatores externos como com que se vai ao
museu. Nas palavras de Thomas, “em cada caso, o que é antecipado difere e será
articulado por diferentes pensamentos, comentários e conversas, talvez com
estranhos, outros visitantes que estão olhando para o mesmo objeto, talvez com
professores e funcionários do museu, talvez com familiares ou amigos com quem
se está visitando o local” [“in each of these cases, what is antecipated
differs and will be articulated through diferent thoughts, commentaries and
conversations, perhaps with strangers, other visitors who happen to be looking
at the same thing, perhaps with museum docents or staff, as well as with the
Family members or friends with whom one is visiting the location”, p. 47]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A céu aberto, os grafites da Av. 23 de maio
também encorajavam as mais inusitadas interpretações; despertavam discussões
acaloradas sobre a natureza da arte, sobre o belo (<i>e o horrível!!!</i>), e também a indiferença de quem corre para um lado
e para outro sem ter tempo para nada. Nas lentes de fotógrafos, ou das selfies,
as imagens interagiam com carros, motos, bicicletas, pedestres, desapareciam
por trás de gigantes caminhões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Para alguns, os grafites, aceitos e incentivados
pelo poder público, teriam perdido o valor de protesto e de certo modo acabava
sendo parte de uma estratégia de marketing do governo anterior, que se
apresentava como inovador e pretendia revolucionar a cidade, promovendo a troca
do carro pela bicicleta – perspectiva que não foi aceita pela população, como
ficou claro nas eleições municipais. Ao apagá-los, Doria acabou por devolver
aos grafites a capacidade de funcionar como forma de protesto. Apagados, os
grafites passam para a memória coletiva como uma demonstração de restrição da
liberdade de expressão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas como reagiram os jornais? Jornais, como o
SP-TV de X e a Folha de São Paulo, tentaram se mostrar imparciais, apresentando
a opinião daqueles que concordavam e dos que descordavam da ação. Cabe, no
entanto, perguntar se a tarefa do jornalista é apenas apresentar os chamados
“fatos” de maneira pretensamente imparcial? Não seria também papel da imprensa
realizar uma investigação? A prefeitura argumentou que os grafites deveriam ser
retirados porque estavam degradados. Porém, vídeos compartilhados pelas <a href="https://www.blogger.com/%3Ciframe%20src=%22https://www.facebook.com/plugins/video.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fquatrov%2Fvideos%2F1630906483883215%2F&show_text=0&width=560%22%20width=%22560%22%20height=%22315%22%20style=%22border:none;overflow:hidden%22%20scrolling=%22no%22%20frameborder=%220%22%20allowTransparency=%22true%22%20allowFullScreen=%22true%22%3E%3C/iframe%3E" target="_blank">redes sociais</a> </span><span lang="PT-BR">indicavam que os grafites estavam
em boas condições. Não seria papel dos jornalistas investigarem quantos
grafites estavam realmente degradados? Qual foram os critérios do prefeito para
manter algumas imagens, teria sido apenas o gosto pessoal do prefeito? Pela
repercussão do tema, também se esperaria reportagens sobre como são tratados os
grafites em outras cidades do Brasil e do mundo, papel que acabou sendo
assumido por blogs e postagens de brasileiros que vivem fora do país.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O leitor talvez se questione: com problemas tão
sérios para tratar em São Paulo, por que gastar tanto tempo discutindo
grafites? Será que discutir os grafites da 23 de maio, seria “fuga da
realidade. Negação do caos. Desesperança.”, como sugeriu <a href="http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizpereirajorge/2017/01/1853157-que-inveja-eu-tenho-do-paulistano.shtml" target="_blank">a colunista MarilizPereira Jorge</a>, na Folha de São Paulo</span><span lang="PT-BR">. Como se arte fosse algum tipo de
futilidade, sem refletir sobre seu poder de tornar os cidadãos mais criativos,
aumentar a conexão entre o indivíduo e o espaço, o que pode inclusive diminuir
os níveis de criminalidade, como ocorreu em uma <a href="http://exame.abril.com.br/mundo/como-o-grafite-diminuiu-a-violencia-em-comunidade-no-mexico/" target="_blank">comunidade no México</a>.
Se esses argumentos soam românticos demais, pode-se também lembrar dos efeitos
econômicos da arte de rua. Segundo um <a href="ttp://rsos.royalsocietypublishing.org/content/3/4/160146" target="_blank">estudo publicado</a> recentemente por
pesquisadores da Universidade de Warwick, bairros londrinos
com maior proporção de arte urbana teriam tido um aumento de seu valor de
mercado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="PT-BR">Texto escrito em 28/01/2017</span></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-18405645295938304992017-01-23T11:07:00.000-02:002017-01-23T11:07:28.437-02:00A professora e o médico: duas visões sobre as cotasTânia Rezende, professora da UFG, tem uma maneira muito gostosa (e didática) de tratar de assuntos sérios. Como uma fantástica professora, ela ensina por meio do diálogo e da provação. Admiradora que sou da Tânia, não poderia deixar de compartilhar esse texto sobre as cotas:<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_mTStEI5bznJvg4v1kZue6Lp5VOJolBpnS0NMmYl9vRsA1NLnKZBxt-6apYDmiTeUlGGyTJZvKozQPlw2OXaQbawq8lKEQjZTGfIs12rczMNzt-IIwWyNeWwka3m311zsGSR8I5tqp8Y/s1600/blog-cotas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_mTStEI5bznJvg4v1kZue6Lp5VOJolBpnS0NMmYl9vRsA1NLnKZBxt-6apYDmiTeUlGGyTJZvKozQPlw2OXaQbawq8lKEQjZTGfIs12rczMNzt-IIwWyNeWwka3m311zsGSR8I5tqp8Y/s320/blog-cotas.jpg" width="259" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
Em mais uma, das muitas em mais de um ano (o acompanhamento é de 3 em 3 meses) consulta ao neurologista...</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
Já é lugar-comum, depois dos lugares-comuns de todo médico:<br />Neuro: você faz o quê?<br />Eu: sou professora.<br />Neuro: de quê?<br />Eu: de Portuguêis...<br />Neuro: Onde?<br />Eu: na UFG.<br />Neuro: (rindo) agora, vou te perguntar uma coisa e você vai ficar brava...<br />Eu: (rindo, pensando com meus botões: lá vem encheção de saco com Enem, estava perto da publicação do resultado).<br />Neuro: ...o que você acha do Enem? Não,,, Seja sincera...<br />Eu: ah...?! ar...<br />Neuro: ...é injusto, o Enem é muito injusto, você não acha? Você não acha que depois do Enem as pessoas estão falando muito mais errado? Tá todo mundo falando muito errado, você acha, me diz, você não acha?<br />Eu: (eu poderia fazer um patrulhamento na fala dele para exemplificar como, de fato, está todo mundo falando errado, mas preferi responder diferente) desculpa, eu discordo do senhor, as pessoas não estão falando nem mais nem menos errado que antes; o que ocorre é que as pessoas que falam diferente do padrão normatizador do bem falar do português agora estão mais visíveis e isso tem a ver com ações afirmativas e não com Enem.</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
Texto de Tania Ferreira Rezende, compartilhado no Facebook. </div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
Conheça o blog do grupo <a href="https://obiahpodermagicodalinguagem.blogspot.com.br/" target="_blank">Obiah</a></div>
</div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-14502531905106734002017-01-12T20:15:00.000-02:002017-01-12T20:15:00.185-02:00Xingu: o clamor vem da floresta<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/MKiKM3hvnWI" width="560"></iframe><br />
<br />
Este samba enredo é para guardar para sempre, para voltar a ter esperança :)Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-20658212935519161072016-11-11T10:46:00.001-02:002016-11-11T12:25:31.652-02:00Collecting the 19th century<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><em><a href="https://www.universiteitleiden.nl/en/events/2016/10/collecting-the-19th-century" target="_blank">Museological and archaeological perspectives fromEurope and Latin America</a>, Leiden University, October 17<sup>th, </sup></em><em>2016</em></span><br />
.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu6UG6KF_OkmRTyangJr9cxA5S-ro_vjFRWfyyeCkCK3DyN1NF2AoBuNtWZFJ0mJ07dlD3GmigodWe3nJXx1t5_thzn_a_T6BSIWSBDSyzcu7wA7p55_4GyuX1A9ysPdP8D6Ceu31Ytd4/s1600/P1140839.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu6UG6KF_OkmRTyangJr9cxA5S-ro_vjFRWfyyeCkCK3DyN1NF2AoBuNtWZFJ0mJ07dlD3GmigodWe3nJXx1t5_thzn_a_T6BSIWSBDSyzcu7wA7p55_4GyuX1A9ysPdP8D6Ceu31Ytd4/s320/P1140839.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">The event put together colleagues working on the
anthropological collections made in 19th century by European museums, using material collected in Americas. The event made me think about my own work as a linguist who
describe indigenous languages: is the documentation of indigenous languages
of Americas a continuity of the 19<sup>th</sup> century expeditions? Is digital database a modern version of museum collections? How can we use the activity of
documenting languages and registering cultures to have a stronger impact in the valorization of cultural diversity? How can we use the activity of documenting languages and registering cultures to have a stronger impact in the day-by-day lives of the communities with whom we work? </span></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-51650440106823639322016-10-07T06:58:00.000-03:002016-10-07T06:58:18.062-03:00Se não somos militantes, que tenhamos alteridade<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Em geral, tenho bastante preguiça de usar "Car@s colegas" ou "Caros e caras...", o texto de Tânia Rezende, me obriga a repensar minhas própeias práticas.</span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><br /></span></div>
<h2 style="background-color: white; border-bottom: 3px solid rgb(104, 158, 202); color: #2e2e2e; display: table; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 25px; margin: 10px 0px -1px; padding-right: 10px; text-rendering: optimizeLegibility;">
Se não somos militantes, que tenhamos alteridade</h2>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Em sessão do Supremo Tribunal Federal, no dia 10 de agosto, ocorreu o seguinte diálogo entre o presidente da Casa, ministro Ricardo Lewandowski, e a ministra Carmen Lúcia, recém-eleita à presidência do STF, a partir de setembro:</div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Concedo a palavra à ministra Cármen Lúcia, nossa presidenta eleita… ou presidente?</em></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa. Acho que o cargo é de presidente, não é não?</em></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">É bom esclarecer desde logo, não é?</em><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">As escolhas linguísticas que fazemos revelam nossas ideologias e atitudes. Foi o que revelou a ministra Carmen Lúcia, ao responder ao presidente do STF, com uma justificativa sustentada na norma linguística (sou amante da língua portuguesa), o tradicional discurso de autoridade; subsidiada pela escola (Eu fui estudante), a agência de sustentação da norma; e legitimada pela nomeação (o cargo é de presidente), o poder da oficialidade. Com isso, a ministra mobilizou, em poucas palavras, poderosas agências de socialização de gênero, em defesa da manutenção da ideologia de gênero vigente na sociedade.</span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Não se trata, nesse caso, de “correção gramatical”, conforme sentenciam os gramáticos, rapidamente evocados pela mídia. Trata-se de preferência, como defende a mesma mídia. Mais que um fato linguístico, a marca de gênero em “presidenta”, atualmente, é o indicador de uma mudança social maior. Mikhail Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da Linguagem (2006), defende que a linguagem, por ser ideológica, é o termômetro mais sensível das mudanças sociais. O embate a que temos assistido entre “presidente” e “presidenta”, desde a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República do </span>Brasil, em 2010, é a representação linguística de uma transformação social contemporânea.</div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Por exemplo, há algum tempo, observo, em Goiânia, que alguns homens, para expressar agradecimento a uma mulher, dizem: obrigada. Ou seja, o gênero gramatical concorda com o gênero social da interlocutora. Ao cumprimentar meus amigos indígenas nas redes sociais, pelo aniversário deles, eles me agradecem, dizendo também obrigada. </span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Algumas línguas indígenas fazem distinção entre a fala masculina e a fala feminina. Esse </span><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">background</em><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> linguístico pode estar orientando o uso do gênero centrado na interlocutora e não no locutor, quando esses indígenas falam em português. O fato de os goianos também marcarem o gênero gramatical do agradecimento, considerando o gênero social da interlocutora, aponta para a possibilidade de influências indígenas na cosmovisão e na epistemologia linguística goianas.</span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">As explicações e as discussões sobre a língua são feitas na própria língua, fazendo com que “a cumplicidade ontológica entre as categorias linguísticas e as categorias sociais pareça natural” quando, na realidade, é construída e imposta. Ou seja, as práticas linguísticas seguem convenções, portanto, as tradições linguísticas são invenções discursivizadas, que podem ser (e são) desinventadas, da forma defendida por Cristine Severo (2016), em </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A invenção colonial das línguas da América</span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">, e muit@s goian@s já as estão reinventando no agradecimento.</span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Da mesma forma, no uso visibilizado do feminino, como em “bom dia a todas e a todos”, já bastante aceito; no emprego, na escrita, de “alunas e alunos” ou “os/as estudantes”, no lugar do falso genérico masculino “alunos”, “estudantes” para indicar masculino e feminino, invisibilizando ou, pior ainda, excluindo, as mulheres, não está em questão o pressuposto do certo/errado ou o que é ou não correto na língua, considerando o que diz a gramática normativa. Trata-se de uma escolha política de uma regra ideológica para dar existência e visibilidade às mulheres, na sociedade, pela linguagem.</span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Com relação ao emprego de símbolos, como ‘x’ ou ‘@’, o que está em questão é a ruptura epistemológica: rompe-se com a epistemologia maniqueísta de mundo, com a visão binária de gênero, e propõe-se uma concepção pluralista de gênero. Para além de feminino e masculino, propõe-se dar existência e visibilidade à pluralidade de gêneros existentes na sociedade. Trata-se de uma proposta mais inclusiva. </span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Enfim, se não somos e nem queremos ser militantes, temos de reconhecer que as conquistas das mulheres são devedoras das lutas e atuações históricas das militantes. Por isso, se não usamos uma linguagem, sobretudo uma escrita, menos sexista, porque não somos/não queremos ser militantes, usemos, então, pelo menos, por alteridade.</span></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">*Tânia Rezende é professora da Faculdade de Letras da UFG</strong></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><br /></strong></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; text-align: right; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Original no<a href="https://www.jornalufgonline.ufg.br/n/91848-se-nao-somos-militantes-que-tenhamos-alteridade" target="_blank"> Jornal da UFG</a></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 18px !important; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-69672831608874074012016-07-30T22:55:00.000-03:002016-07-30T22:55:22.199-03:00Uma provocação: gramática é fundamental para escrever ou para aprender a escrever?<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: OpenSans; font-size: 14px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; word-wrap: break-word;">
Eu não sei se é. Tem uma frase do Autran Dourado que diz assim com relação à gramática: “É preciso aprender a gramática, para depois esquecê-la”. Vamos colocar isso de outro jeito: para você refinar a sua expressão escrita é importante desenvolver consciência sobre como a língua é e como ela funciona estruturalmente. Vamos pensar sobre a organização sintática como parte do processo. Então, quando eu estou lendo um texto, de repente parar num determinado momento, destacar e analisar um segmento e perceber que o autor usou orações coordenadas, que ele poderia ter usado subordinadas. É importante ter essa consciência, assim como ter consciência do funcionamento social da língua, de que você varia a língua conforme o contexto em que você está, conforme o gênero. Quer dizer, escrever um conto é diferente de escrever um poema; fazer um sermão é diferente de narrar um jogo de futebol. Há um processo todo que nós fazemos na adequação da linguagem. As duas coisas são importantes: língua na dinâmica interacional, social, e a estrutura da língua. A possibilidade de você rastrear no vocabulário palavras mais precisas para aquilo que você quer dizer, essa reflexão é fundamental. Agora, qual é o problema da gramática? A gramática é ensinada escolasticamente: você dá o conceito, o exemplo, e faz exercício. Isso não faz sentido para quem está se aproximando da língua e precisa compreender como ela funciona.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: OpenSans; font-size: 14px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; text-align: right; word-wrap: break-word;">
Carlos Alberto Faraco, em entrevista publicada <a href="https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/entrevistas/artigo/858/entrevista-olhai-a-beleza-da-diversidade-linguistica" target="_blank">aqui</a></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: grey; font-family: OpenSans; font-size: 14px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; word-wrap: break-word;">
<br /></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-7743084966102245342016-07-23T20:04:00.002-03:002016-07-24T12:27:31.404-03:00No Museu Antropológico :)<br />
<br />
<header style="background-color: white; border-bottom-color: rgb(211, 211, 211); border-bottom-style: solid; border-width: 0px 0px 1px; color: #2e2e2e; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: inherit; font-weight: bold; line-height: 16px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><h2 style="border-bottom-color: rgb(104, 158, 202); border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 3px; color: inherit; display: table; font-family: inherit; font-size: 16px; line-height: 25px; margin: 10px 0px -1px; padding-right: 10px; text-rendering: optimizeLegibility;">
Museu Antropológico recebe pesquisadora da Universidade de Leiden</h2>
</header><br />
<div class="news-details details" style="background-color: white; border: 0px; color: #939393; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin: auto auto 10px; max-width: 968px; padding: 10px 0px 0px; vertical-align: baseline;">
<span class="date" style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Criada em 20/07/16 21:06. Atualizada em 21/07/16 13:47.</span></div>
<br />
<br />
<summary style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin: auto !important; max-width: 968px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mariana Françozo falou sobre a circulação de objetos e saberes indígenas na América Portuguesa e nos países Baixos</em></div>
</summary><br />
<div class="body" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin: auto; max-width: 968px; padding: 0px 0px 20px; vertical-align: baseline;">
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Texto: Natália Esteves</em></div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Fotos: Adriana Silva</em></div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Durante a colonização holandesa no Brasil no século 16, Maurício de Nassau <span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">governou a colônia holandesa no </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Nordeste</span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> do Brasil </span>de 1637 e 1644. Dentre suas realizações, ele foi responsável pela criação do Museu Natural, Jardim Botânico e Zoológico de Recife, além da modernização da cidade. Nassau também ficou conhecido por ser um grande colecionador de objetos indígenas. É exatamente deste ponto que parte a pesquisa da professora Mariana Françoso, da Universidade de Leiden, na Holanda, sobre a circulação desses objetos e saberes entre a América Portuguesa e os países Baixos. A pesquisadora esteve no Museu Antropológico da UFG na tarde desta quarta-feira (20/7), onde ministrou palestra sobre o assunto.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Em sua fala, a pesquisadora afirmou que é necessário pensar os saberes indígenas como sistemas de conhecimento que funcionam assim como a ciência para explicar o mundo. "A ciência é a forma Ocidental de entender a natureza e o lugar do homem no espaço. Os conhecimentos indígenas fazem a mesma coisa, só que com outros conceitos e ideias. Precisamos entender que são sistemas que coexistem e que podem aprender um com o outro”, explicou.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O interesse da professora pela coleção de objetos predominantemente indígenas que Mauricio de Nassau adquiriu durante sua passagem pelo Brasil resultou no livro intitulado <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">De Olinda a Holanda</em>, que trata exatamente sobre a troca de saberes desses povos indígenas e objetos, mostrando a relação da construção do conhecimento colonial composto por diversos sujeitos.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<img alt="Museu antropológico recebe conversa sobre saberes indígenas " src="https://www.ufg.br/up/1/o/DSC_8718.JPG" style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; height: 483px; line-height: inherit; margin: 0px; max-width: 100%; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 507px;" width="700" /></div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Professa Mariana Françozo da Universidade de Leiden expõe o livro fruto da tese de doutorado</em></div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Atualmente a professora também desenvolve, ainda em fases iniciais, uma pesquisa sobre o livro <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">História Natural do Brasil</em>, publicado em 1648, com autoria de George Marcgraf e Guilherme Piso. A publicação é a primeira sobre geografia e natureza do Brasil. O projeto vai ser desenvolvido na Universidade de Leiden e contará com a contribuição na parte de linguística, da professora da Faculdade de Letras da UFG, Aline da Cruz. </div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<img alt="Museu antropológico recebe conversa sobre saberes indígenas " src="https://www.ufg.br/up/1/o/DSC_8717.JPG" style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; height: 468px; line-height: inherit; margin: 0px; max-width: 100%; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 700px;" width="700" /></div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-top: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pesquisadora explicou que saberes indígenas devem ser pensados como a ciência</em></div>
</div>
<div class="source" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin: auto !important; max-width: 968px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span class="source-label" style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Fonte :</span> <a href="https://www.ufg.br/n/90261-museu-antropologico-recebe-pesquisadora-da-universidade-de-leiden">Ascom UFG</a></div>
<div class="categories" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin: auto auto 10px !important; max-width: 968px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-49055210885247774442016-05-03T15:24:00.000-03:002016-05-03T22:56:45.966-03:00O príncipe desmascarado<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Bela-recatada-e-do-lar, Cinderela recebe de sua fada madrinha um vestido de tafetá azul, sapatinhos de cristal, carruagem. Com todas essas máscaras, encontra o príncipe encantado e são felizes para sempre... Aplausos! Aplausos! Suspiros!</span><span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<img alt="balde-de-agua-620x450.jpg (620×450)" src="http://goias24horas.com.br/wp-content/uploads/2013/10/balde-de-agua-620x450.jpg" height="232" width="320" /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="text-align: start;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><a href="http://xn--adn%20feriha%20koydum%20wiki-zgeb/" target="_blank"><span style="text-align: start;">Ad</span><span style="line-height: 107%;">ın</span></a><span style="line-height: 107%;"><a href="http://xn--adn%20feriha%20koydum%20wiki-zgeb/" target="_blank">ı Feriha Koydum</a> (aka,<a href="http://www.seriesperutv.com/p/el-secreto-de-feriha-capitulos-completo.html" target="_blank"> El secreto de Feriha</a>) reconta a história de Cinderela, situando-a em Istambul de hoje. O príncipe é Emir, herdeiro de discotecas da moda; e Cinderela é Feriha, "la hija del concierge" (a filha do porteiro). As semelhanças acabam por aí. Em uma sociedade em que todos têm suas máscaras, <i>la hija del concierge</i> é condenada exatamente porque, como uma adolescente sonhadora, ousou se passar por uma menina rica.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 15.6933px;">O conto de fadas se desfaz; a fada se torna bruxa; o príncipe, coronel. E <i>la hija del concierge</i> passa de <i>niña </i>à mulher. A história que se desenvolvia como uma espécie de <a href="http://www.imdb.com/title/tt0098749/" target="_blank">Barrados no Baile</a> turca, transforma-se rapidamente em um retrato frio de uma sociedade machista. O trecho abaixo apresenta uma pequena amostra do príncipe real, sem suas máscaras. Não é preciso legendas, nem contexto para enxergar a violência física e moral a que Feriha é submetida (em espanhol, <a href="http://dai.ly/x47og7e" target="_blank">aqui</a>)</span></span><br />
<span style="font-family: "calibri" , sans-serif;"><span style="font-size: 14.6667px; line-height: 15.6933px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ri2ptY-75wE" width="490"></iframe><br />
<br /></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-86690901097244673662016-05-02T22:45:00.000-03:002016-05-03T14:35:39.729-03:00Da onde vem as curtidas do Bolsonaro...<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Um teste,
um simples teste de internet: “Clique aqui para ver se seus amigos curtem
Bolsonaro!” Quem resiste, não é? Claro que tem sempre um colega de colégio
daqueles que você não vê há alguns anos, morador da Reaçolândia. Mas daí vem o
choque – esperado, é verdade, mas choque: uma grande amiga da mamãe e minha
amiga também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Ah! Por
favor, deleta sem pestanejar!!! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Mas daí me
lembro que a Amiga mora no bairro que se encontra no final da rua da minha
casa. Quando nasci, chamávamos aquele lugar de “favela” e não passávamos por lá
de jeito nenhum. Na minha infância, a turma do bairro e a turma da favela se
uniram e conseguiram eleger um vereador do PT. Essa união jamais teria ocorrido
não fosse a igreja católica do bairro – seria maldade não mencionar. Comunidade e vereador trabalharam duro, conseguiram levar água, luz, caminhão de lixo, urbanizar a
favela. Os problemas não desapareceram (claro que não!), mas agora há mais
dignidade para enfrentá-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">E a Amiga
enfrenta... Ah! Enfrenta muito mais do que eu! Um dia o prefeito visitaria a
escola do bairro. Antes da visita, funcionários da prefeitura limparam a rua,
pintaram o meio fio. E a Amiga foi conversar com os funcionários. Indignada
perguntava: “Por que vocês nunca limpam a rua, nunca pintam nada e agora vem
fazer isso? O prefeito tem de ver a cidade como é de verdade, como ele deixa
para nós moradores.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Em outro
episódio, movimentou a escola toda para pedir sua reforma. O prédio estava
caindo aos pedaços com goteiras para todos e lados. Como membro atuante a
associação de pais, conseguiu chamar a atenção dos governantes (do PT, diga-se
de passagem) e já estão construindo uma escola nova. Fizeram bobagem nessa
construção – devo concordar com a Amiga – tiraram um jardim gigante com árvores
enormes para construir uma quadra esportiva (detalhe há uma quadra na pracinha
em frente à escola, e ninguém usa).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">E por que a
Amiga “curte Bolsonaro”? Não perguntei. Tenho certeza de que não tem nada a ver
com racismo ou apologia à tortura (provavelmente nem sabe de tudo isso). Em uma
das nossas últimas conversas, ela me contou do material didático preparado para
discutir questões de sexualidade. Não conheço o material, não posso julgá-lo,
mas contei-lhe sobre como é guerreira e estudiosa, minha aluna trans. Ela
concordou com o respeito aos trans, contou sobre os colegas da filha na turma
de Jazz (de graça, pela prefeitura). Mas simplesmente não tolerou o material. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="PT-BR"><i>Disclaimer</i>: é sempre bom tentar entender <br />porque o oprimido segue o seu opressor.</span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
20 de abril de 2016.</div>
</div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-67476958896816801372016-04-30T00:13:00.001-03:002016-05-03T12:14:01.534-03:00A terra e a luaDurante todas as noites, depois que todos vão dormir, a lua e a terra têm um romance. E ainda que não possam tocar-se, todo o universo conta sobre o grande amor entre a terra e a lua.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/MEjwAU7o6Mo" width="420"></iframe><br />
<br />
<br />Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-67797269735974319782016-04-23T22:38:00.000-03:002016-05-03T12:13:45.601-03:00Os bons costumes<br />
<div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;">
<br /></div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/b1Mt0N1A3JA" width="490"></iframe><br />
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Costumes, costumes costumes, <br />Como podem os servos de Deus <br />se tornarem escravos dos homens?</i></div>
<div>
<br /></div>
<div>
A canção de abertura da série turca não poderia ser mais apropriada ao momento em que estamos vivendo. Momento em que o conselho dos aghas (<i>aka</i>, 'congresso nacional') toma decisões em nome da família, de Deus e, por que não dizer "dos bons costumes". Cabe a uma criança explicar que o agha "é o dono de tudo e de todos por aqui". Com um pouquinho mais de busca na internet, descobrimos que agha era o termo usado no Império Otomano (1299-1923) para designar o chefe de uma unidade política, que atuava como juiz e militar, grande proprietário. Na terra do pequi, "nosso adorado coronel".</div>
<div>
<br /></div>
<div>
A série conta a história do casamento entre o agha, Boran, e a filha de camponeses, Sila. A farsa se desfaz rapidamente e descobrimos que nem Boran nem Sila aceitam o papel que receberam ao nascer: o dele, de se tornar um assassino; o dela, de ser bela-recatada-e-do-lar. Juntos, Sila e Boran enfrentarão os costumes de Mardin, uma cidade perdida na história.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
A série ganhou as televisões da Turquia, da Grécia, da Croácia, Eslovênia, da Servia, de Montenegro, da Bosnia e Herzegovina, da Macedônia, da Bulgária. Cruzou o oceano e tornou-se novela para cativar os públicos da Colômbia e do Chile. E, então, desembarcou no Brasil. Nesse telefone sem fio de inúmeras traduções, o questionamento às tradições se esvaziou. Na dublagem da Band, "agha" soa como um sobrenome qualquer. A punhalada mais gritante no texto, no entanto, vem da substituição da canção <i>Töre</i> (Costumes) de Sezen Aksu, <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Sezen_Aksu" target="_blank">cantora reconhecida mundialmente e ativista</a>, por <i>Vai chegar</i> de Li Martins (QUEM???), cantora estreante que foi trazida do reality <i>A Fazenda</i>. Não sejamos ingênuos, não se trata de uma adaptação para o (des)gosto musical brasileiro. A mudança tira o foco do questionamento das "leis dos homens em nome de Deus" e transforma a história em um conto de fadas mal-ajambrado em que a donzela espera por um amor que "vai chegar para durar para sempre, a gente tem de acreditar". </div>
<div>
<br /></div>
<h2>
<span style="font-family: "calibri" , sans-serif; line-height: 15.6933px;"><span style="font-size: large;">ɑɑɑɑɑh:</span></span></h2>
<div>
<img alt="Bile-em-vômitos-300x252.jpg (300×252)" src="http://saude-info.info/wp-content/uploads/Bile-em-v%C3%B4mitos-300x252.jpg" height="168" width="200" /><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 20px; text-align: right;"> </span></div>
Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-12891768606047696362016-04-19T19:36:00.001-03:002016-04-19T19:36:30.020-03:00Hope<iframe allowfullscreen="true" allowtransparency="true" frameborder="0" height="315" scrolling="no" src="https://www.facebook.com/plugins/video.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FEnsinoLibras%2Fvideos%2Fvb.668362346566307%2F733974306671777%2F%3Ftype%3D3&show_text=0&width=490" style="border: none; overflow: hidden;" width="490"></iframe>Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3773315784684122575.post-70433438812546012112016-04-16T17:57:00.002-03:002016-05-03T12:13:17.359-03:00O mesmo coração<div style="text-align: right;">
<i>"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia"</i></div>
<div style="text-align: right;">
Tolstoi</div>
<br />
<br />
<br />
Há algum tempo deixei de ter televisão em casa. Durante os anos de Holanda, a televisão não me fazia falta e depois no Brasil, levamos um tempo para decidirmos a comprá-la: uma Sony, gigante, de led que acabou por chamar atenção de alguns homens que a roubaram - o aparelho e minha paz...<br />
<br />
Daí decidimos ficar sem televisão por tempo indeterminado. A decisão combinava com o discurso de "professora universitária" que não precisa de televisão, daquela que lê as notícias por diversos meios de comunicação - não ficando trancada na perspectiva manipuladora da Globo.<br />
<br />
Para além do discurso, há uma mulher apaixonada por histórias longas, por histórias de amor, de ódio, de vingança. A mesma paixão que me leva para a literatura, também me leva para as novelas... Ah! Sim... Devo confessar que os capítulos iniciais de uma novela podem me cativar e me prender, como prendem à minha mãe, como prendiam à minha avó e é fácil imaginar que minhas bisavós ou tataravós também se prendiam por uma história de amor - seja essa história registrada em livros, folhetins, rádio, televisão ou agora no Youtube...<br />
<br />
Assim, alguns dias em casa de minha mãe foram suficientes para que eu me interessasse pela história de Sila, uma jovem turca que se casa com o chefe de uma tribo do interior da Turquia. No decorrer dos capítulos (que assisto em Espanhol, na internet), a novela joga com as dicotomias turcas:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglDWUuj-kX2WXwg-IK4DbI_ED_cjWqvrk1SvrWFyzyyU2CpYgkSTSGPGM1B0CuyJN_cVqAUKY8f-j9yupk4jCh_SD0_-7fTPZOjCNfsbmvwdatoL5NNRxUSdmxq8aPRFqUi16sZcsQggw/s1600/istambul_mardin.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglDWUuj-kX2WXwg-IK4DbI_ED_cjWqvrk1SvrWFyzyyU2CpYgkSTSGPGM1B0CuyJN_cVqAUKY8f-j9yupk4jCh_SD0_-7fTPZOjCNfsbmvwdatoL5NNRxUSdmxq8aPRFqUi16sZcsQggw/s320/istambul_mardin.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Istambul Mardin</div>
<div style="text-align: center;">
Europa Oriente Médio</div>
<div style="text-align: center;">
atualidade tradição </div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Aparentemente a novela tenta criticar as tradições, o papel insignificante da mulher naquela sociedade, mas ao fazê-lo não deixa de ratificar os valores que condena. A autora parece consciente de que o maniqueismo não se sustenta, de que heróis e vilões têm "o mesmo coração". Em um <a href="http://www.dailymotion.com/video/x3rh6ar_capitulo-127-sila-cautiva-por-amor_tv" target="_blank">diálogo</a> intenso e preciso, enquanto Berzan descreve o crime que permitiu o nascimento de seu filho, Boran não o pode julgar, não pode se livrar de seus próprios pensamentos, de sua própria culpa: </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
"O amor, sabes bem, o venenoso que pode ser. A diferença entre nós é que não tive a oportunidade de desculpar-me, nenhuma oportunidade".</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<br />Aline da Cruzhttp://www.blogger.com/profile/03551642149451311275noreply@blogger.com0