Um teste,
um simples teste de internet: “Clique aqui para ver se seus amigos curtem
Bolsonaro!” Quem resiste, não é? Claro que tem sempre um colega de colégio
daqueles que você não vê há alguns anos, morador da Reaçolândia. Mas daí vem o
choque – esperado, é verdade, mas choque: uma grande amiga da mamãe e minha
amiga também.
Ah! Por
favor, deleta sem pestanejar!!!
Mas daí me
lembro que a Amiga mora no bairro que se encontra no final da rua da minha
casa. Quando nasci, chamávamos aquele lugar de “favela” e não passávamos por lá
de jeito nenhum. Na minha infância, a turma do bairro e a turma da favela se
uniram e conseguiram eleger um vereador do PT. Essa união jamais teria ocorrido
não fosse a igreja católica do bairro – seria maldade não mencionar. Comunidade e vereador trabalharam duro, conseguiram levar água, luz, caminhão de lixo, urbanizar a
favela. Os problemas não desapareceram (claro que não!), mas agora há mais
dignidade para enfrentá-los.
E a Amiga
enfrenta... Ah! Enfrenta muito mais do que eu! Um dia o prefeito visitaria a
escola do bairro. Antes da visita, funcionários da prefeitura limparam a rua,
pintaram o meio fio. E a Amiga foi conversar com os funcionários. Indignada
perguntava: “Por que vocês nunca limpam a rua, nunca pintam nada e agora vem
fazer isso? O prefeito tem de ver a cidade como é de verdade, como ele deixa
para nós moradores.”
Em outro
episódio, movimentou a escola toda para pedir sua reforma. O prédio estava
caindo aos pedaços com goteiras para todos e lados. Como membro atuante a
associação de pais, conseguiu chamar a atenção dos governantes (do PT, diga-se
de passagem) e já estão construindo uma escola nova. Fizeram bobagem nessa
construção – devo concordar com a Amiga – tiraram um jardim gigante com árvores
enormes para construir uma quadra esportiva (detalhe há uma quadra na pracinha
em frente à escola, e ninguém usa).
E por que a
Amiga “curte Bolsonaro”? Não perguntei. Tenho certeza de que não tem nada a ver
com racismo ou apologia à tortura (provavelmente nem sabe de tudo isso). Em uma
das nossas últimas conversas, ela me contou do material didático preparado para
discutir questões de sexualidade. Não conheço o material, não posso julgá-lo,
mas contei-lhe sobre como é guerreira e estudiosa, minha aluna trans. Ela
concordou com o respeito aos trans, contou sobre os colegas da filha na turma
de Jazz (de graça, pela prefeitura). Mas simplesmente não tolerou o material.
Disclaimer: é sempre bom tentar entender
porque o oprimido segue o seu opressor.
porque o oprimido segue o seu opressor.
20 de abril de 2016.
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