No final do mês, participarei de um encontro sobre políticas linguísticas (cf. http://e-ipol.org/i-encontro-nacional-de-municipios-plurilingues-i-enmp/ ). Professora Tânia e eu apresentaremos um trabalho a respeito da Documentação linguística em políticas de formação intercultural de docentes indígenas em que defenderemos que a documentação linguística, embasada em análises descritivas, constitui importante ação de fortalecimento
das línguas e dos povos minorizados.
Um caso bastante claro e famoso de contribuição da Linguística para fortalecimento de políticas públicas é representado pelo linguista americano Willam C. Stokoe, pioneiro nos estudos a respeito da línguas de sinais.
Antes dos trabalhos de
Stokoe, a língua usada pelos surdos americanos era considerada um "código
visual corrompido para o Inglês falado" ou, no máximo, uma “pantonímia
elaborada”. Stokoe demonstrou que a ASL (a língua de sinais americana) era, na
verdade, uma língua humana complexa assim como o Inglês ou o Português (cf. http://gupress.gallaudet.edu/stokoe.html).
Vários estudos descritivos, em Fonologia, Morfologia e Sintaxe, corroboraram a
tese de Stokoe. A partir desses estudos linguísticos, as línguas de sinais
começaram a ser cada vez mais respeitadas. Educadores e fonoaudiólogos – que sempre
insistiram em um ensino oralista – tiveram de reconhecer a importância das
línguas de sinais. O surdo tornava-se livre para se comunicar em sua própria
língua.
A relação entre linguística e lutas pelos
surdos é tão clara que muitos dos nomes que se destacam nos movimentos políticos
são linguistas. Basta citar a dedicação aos estudos linguísticos de pessoas
muito respeitadas (e admiradas!), como Ronice Quadros Muller, Sandra Patrícia Nascimento, Shirley
Vilhalva, Ana Regina Campello. Muitas dessas guerreiras começaram na Pedagogia,
mas precisaram do suporte da linguística para fortalecer sua luta.
Um comentário:
Professora Aline da Cruz, parabéns por fortalecer a ciência das línguas, sejam elas sonoras ou visuais!
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