domingo, 12 de fevereiro de 2012 1 comments

De volta à ilha


Nos anos que estive na Holanda, voltei para o Brasil várias vezes: São Gabriel, para o trabalho; São Bernardo, para a família; Sampa, para os amigos; e Praia Grande, para a vovó. Cinco anos sem pisar em Floripa. Nunca na minha vida, tinha passado tanto tempo sem voltar para a  ilha em que mamãe nasceu.
A primeira vez que fui à ilha tinha dois aninhos. Meus pais decidiram acampar na Praia do Santinho - bons anos em que não havia o resort  e poucos turistas se aventuravam pelo paraíso. Todas as manhãs, eu acordava e corria para o "bebé" - era assim que eu me referia à água. Foi a única vez que acampamos. Nos anos seguintes, mamãe decidiu que ficaríamos na casa de sua irmã em São José, uma cidadezinha mais simples, já fora da ilha.
Não pense que a diversão era menor. Papai levava todo mundo para a praia: os meus três primos (a caçula ainda não tinha chegado) e meus irmãos. Eram cinco guris e euzinha :) Nem preciso dizer que cresci bem muleca. Bastava o meu irmão mais velho dizer "Toma cuidado" ou "Fica com a mamãe" para que eu fosse a primeira a subir nas pedras, descobrir cavernas, pular ondas, rolar nas dunas.
 Como titia morava próximo à BR101, aproveitávamos para conhecer outros cantinhos de Santa Catarina: Itapema, Camboriú, Palmas, Bombas e Bombinhas, Laguna, Garopaba, Gravatal, Ibiraquera. E nos dias nublados, aproveitávamos para passear em Blumenau ou visitar as primas da mamãe, no Saco Grande e em Ratones.
Às vezes, meu pai é criticado por ter gasto muito dinheiro em viagens. Dizem que poderíamos ter tido uma casa mais bonita, com movéis mais finos ou mais dinheiro no banco. É verdade... poderíamos. Mas acho que papai tomou a decisão certa: nos ensinou a dividir com os primos, nos inspirou a sermos pequenos descobridores, a valorizar o pôr do sol, a água cristalina... É esta a maior herança que meus pais poderiam ter me dado.
 
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