terça-feira, 22 de dezembro de 2009 0 comments

Noite feliz

Hoje chegaram cartões de Natal pelo correio, pela internet, dos amigos de mais de quinze anos de amizade, dos amigos de poucos meses atrás... Mamãe apareceu no Skype para avisar que está indo para casa da vovó...

Aqui na Holanda, esqueceram do Natal. O papai Noel chegou no dia 05 de dezembro, trocamos presentes, teve jantar. Mas esqueceram da chegada do Papai do Céu. Não querendo ser tradicionalista, mas Natal é legal: família, Chester (a nova tradição do Natal), amigo secreto, vovó, oração de mãos dadas com a família toda, mamãe tentando convencer todo mundo a ir à missa, papai tomando cerveja...

Curtam tudo isso!!! Cada minutinho! Lambam os dedos no peito do peru! Tomem espumante da cesta de natal! E dê um abração na mamãe!

FELIZ NATAL!!!!!!!!!!!!!!
sábado, 12 de dezembro de 2009 0 comments

Dois mundos

Cerca de quatrocentas pessoas foram presas por protestarem em Copenhague durante a reunião da ONU. Os manifestantes eram os belos ambientalistas europeus que sonham com um mundo menos dependente do petróleo, um mundo mais perto da natureza.

Pela internet, também pude receber notícias de São Gabriel da Cachoeira. Não, não houve manifestação pelo clima, nem se comemorou o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Pelo telefone, só pude saber que mais jovem Baré cometeu suicídio.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 1 comments

Pé de Cará


Feche os olhos e imagine um quintal de casa, coloque umas mesas de ferro ao redor de um pé de cará... Este é o ambiente para do Pé de Cará, o salão de danças (?), discoteca (?) mais tradicional de São Gabriel da Cachoeira.

Merengue, forró, brega e Kuximawara (do Nheengatu, kuxima = antigamente; wara = o que tem origem em > Kuximawara, "o que vem de antigamente", por extensão "música de antigamente")... Um repertório completo de músicas que minha ignorância paulista não permite citar.

Chame todo mundo: os militares, os policiais federais, os moradores da região (tanto migrantes nordestinos quantos os índios das 23 etnias)... Claro, têm mulheres também... Muitas... com seus negros cabelos lisos... Algumas lindíssimas (são as que romperam com o sistema); outras, já cansadas... Mas todas excelentes dançarinas e com um sorriso cativante...

Basta agora dançar a noite toda... Se cansar, pede uma aguinha de coco.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 0 comments

De volta

Depois de quatro voos (São Gabriel - Manaus - São Paulo - Paris - Schipol) finalmente cheguei em... casa? (ou saí dela?) Claro, cheguei sozinha, afinal as malas se perderam em Paris (europeus e sua eterna dificuldade de fazerem coisas simples como entregar as malas no lugar certo).

A menina do guichê da KLM foi super simpática, parecia mesmo envergonhada de terem perdido minha mala... Somente quando cometem erros percebemos que existem seres humanos aqui... Caso contrário são só as máquinas e suas informações úteis: esteira onde (deveria estar) sua mala; caixa automático para pagar estacionamento; cancela automática para sair do estacionamento...

Eles precisam cometer mais erros de vez em quando, né? Só pra gente ter certeza de que são de carne e osso como eu e você.
domingo, 22 de novembro de 2009 0 comments

Reflexões diante da cerca...

Um menino diante de uma cerca, esta é a história do "O menino do pijama listrado", que virou livro e filme...

Aqui na Amazônia, sinto-me um pouco como o menino diante da cerca.

Converso bastante com a classe média daqui - sim, eu tenho paciência! -, é tão incrivel como eles aceitam que exista um abismo social étnico. Outro dia, no café da manhã, uma professora manauara- de universidade pública, pasmem! - me disse que achava certo que alguém tivesse um latifúndio do tamanho da Alemanha: "Se o cara comprou..." Tive ímpeto de Jabor de pular no pescoço dela... Mas lembrei-me da política da boa vizinhança que a mamãe católica dedicou-se tanto a me ensinar... O Jabor contra os taxistas-malufistas e, eu contra a classe média amazonense.

A mesma pessoa foi taxativa "Tenho preconceito SIM contra os índios..." Não é possível condená-la sozinha... É toda uma sociedade que não é capaz de enxergar o mundo em que vive. Como o menino que apesar de tantas aulas de história e geografia, nao sabia que estavam na Polônia. Parece que nossas escolas dedicam-se muito tempo explicando cada detalhe da Revolução Francesa, mas esquecem de contar aos nossos alunos que existem cerca de 180 línguas indígenas nesse país, que é preciso estabelecer políticas de desenvolvimento sustentável na Amazônia, que nao faz sentido construir estrada no meio da floresta, etc.

Meus colegas europeus têm mais consciência da diversidade linguística, cultural e biológica da Amazônia do que meus colegas manauara, que por ironia tem em seu etnonímo a marca -wara do Tupi.
terça-feira, 20 de outubro de 2009 1 comments

Basta vontade para realizar sonhos!

Em um bate-papo com a Profa. Assistente Adriana da UEA-SGC, contei para ela que os professores indígenas das comunidades do Negro, do Içana e do Xié tinham muita vontade de aprender a usar um computador... nem que fosse só a experiência de dar os primeiros clicks e construir textos e desenhos :)

A conversa virou realidade. 22 professores das etnias Baré, Baniwa, Werekena, Tariano, Dessano vieram ao centro urbano de SGC para realizar 10 horas do curso "Noções de Informática Básica utilizando textos em Nheengatu"...

Os alunos do curso de Tecnologia viraram professores... A FOIRN conseguiu gasolina e comida. A UEA também doou gasolina para trazer os alunos... E assim em poucos dias realizamos um sonho. Quem sabe ainda outros sonhos possam ser realizados?
domingo, 27 de setembro de 2009 0 comments

Domingo de turista em São Gabriel

Saímos da Casa dos Professores às oito e meia da manhã e subimos ao centro da cidade para o Café da manhã regional:

tapioquinha com queijo coalho e tucumã;
X-caboclinho (pão, queijo coalho, tucumã e banana frita);
bolo de milho;
bolo de macaxera;
suco de cupuaçu, taperebá, e tudo mais que a floresta proporcina :)

Logo depois, subimos o Morro da Boa Esperança... Cada estaçâo, milhares de fotos... A máquina fotográfica substituiu as orações. Fotografar também é uma forma de agradecer pelo esplendor da paisagem.

O almoço foi no CIMARNE, o clube do exército que abre aos domingos para os baderneiros civis.

E cá estou eu, bem turista na internet!
sexta-feira, 25 de setembro de 2009 0 comments

Para de reclamar e pensa!

Em Nheengatu, em Baniwa, em Tukano e em Portugues, um grupo de jovens adultos (alguns bem mais velhos que isso) prometeram levar o ensino às escolas públicas de Sao Gabriel da Cachoeira.

Eram os formandos do Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Em apenas oito anos, a UEA é hoje responsável por 25% do ensino superior do estado do Amazonas.

Problemas? Milhoes!!! É preciso investir pesado na formaçao dos professores, em pesquisas que possam melhorar a vida de toda populaçao...

Em seus primeiros passos, a universidade traz esperança de uma nova Amazonia feita de homens e livros.
terça-feira, 15 de setembro de 2009 0 comments

Apartheid à brasileira

Ontem um bicheiro me explicou a sociedade gabrielense:

A alta, a baixa e o povo daqui.

A alta é formada pelos comerciantes.

A baixa, pelos funcionários do governo e do comércio.

E o povo daqui são os povos indígenas...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009 1 comments

Proto, o quê?

Quem viveu na América há 5 mil anos? Esses povos se conheciam? Da onde eles vieram? Como se espalharam pela América?

Perguntas de arqueológo não precisam ser respondidas com caveiras e utensílios de 5 mil anos... Mesmo porque na Amazônia essas coisas tendem a desaparecer sem deixar vestígios...

A história da América também pode ser conhecida por meio do estudo das línguas indígenas faladas hoje... Para tanto, os linguistas comparam listas de palavras de línguas indígenas e tentam encontrar semelhanças regulares e perceber que algumas línguas tiveram origem comum...

Na Europa, as semelhanças entre o Português, o Espanhol, o Francês, o Romeno e o Italiano permitem que a gente reconheça um grupo comum "línguas românicas", as línguas descendentes do Latim...

Na América do Sul, o Guarani, o Tupinambá, o Kamayurá, o Emerillon, o Wayampi, o Guajá, Chiriguano, o Ava-Canoeiro, o Tapirapé e outras fazem parte do grupo Tupi-Guarani (25 línguas aproximadamente), mas como não há documentos da época em que esses grupos estavam juntos, chamamos a língua que eles falavam de Proto-Tupi-Guarani.

Quer saber mais?

Rodrigues. Para o conhecimento das línguas indígenas brasileiras.
Museu do Indio.
Departamento de Linguistica mais perto de sua casa.
domingo, 2 de agosto de 2009 1 comments

Cara-pau animado



Vamos voltar no tempo, para março deste ano, quando eu e uma amiga resolvemos viajar por Portugal.

Nós: - O que tem de bom para comer aqui em Faro?

Cabelereira portuguesa: - Pão com carne de leitão e queijo...

Nós: - Humm... mas não tem nada assim tradicional, tipo peixe...

Cabelereira, depois de refletir um bocado: - Cara-pau alimado

Fomos, então, em busca do cara-pau:

eu - Tem cara-pau animado?

amiga - alimado?

garçon - não, não está na época...

Vários restaurantes, a mesma cena... Quando estávamos desistindo vimos uma placa: "Promoção: Cara-pau alimado"

Nós: HEHEHEHE!!!!!!!! Queremos cara-pau
Eu: animado
Amiga: Alimado

Heis que aparece aquele treco gelado com umas batatas sem graça...

Nós: Dá pra esquentar?

Garçonete olha estranho e sai. Minutos depois volta com o peixe em temperatura ambiente. Era pra comer frio...

Hehehe... era melhor ficar com o leitão...
sexta-feira, 31 de julho de 2009 0 comments

A viagem do elefante


Imagine que no século XVI, o "quintal" da torre de Belém era habitada por alguém muito especial: o elefante Salomão e seu conarca Suhro (ou Solimão e Fritz, como foram conhecidos na Áustria). Para se livrar dos gastos com tamanho animal, o rei de Portugal decidiu dar de presente o elefante para o arqueduque da Áustria.


A viagem do elefante é apenas um pretexto para que Saramago crie um mundo cheio de personagens - reais e imaginários. O título e a capa infantis escondem com ironia as críticas à sociedade portuguesa - da época? ou de hoje? A viagem em si é uma grande gargalhada à hipocrisia dos governantes, capazes de receberem 'elefantes' como presentes :)


O elefante não vai sozinho, claro! Leva consigo Suhro, o conarca indiano "convertido" católico. Nas paradas para descanso, as conversas de Suhro com os colegas, com o arqueduque, com os padres e todos, mostra que o "bárbaro" estava bem longe de endender um mundo muito mais místico que o da Índia... Um mundo em que brincadeiras de elefante viram milagre...
quinta-feira, 30 de julho de 2009 1 comments

Portugal em imagens

Eu e a Léia fomos para Portugal antes da Páscoa e fomos recebidas pela Kelli e pelo Luís...

A Kelli nos incentivou a criar blogg e documentar em fotos as nossas viagens...

Olha só o link maravilhoso que ela criou:

http://multiply.com/u/9ToSIpq
quarta-feira, 29 de julho de 2009 0 comments

Construindo uma gramática

Imagina que você tem a missão de escrever uma gramática e um dicionário de uma língua desconhecida... Não estou falando de alemão ou japonês... Imagine que você tem de escrever uma gramática de uma lingua da amazônia jamais vista.

O primeiro passo é descobrir se há falantes bilíngües, que possam traduzir textos e palavras da lingua amazônica para o português.

O linguista e o "consultor" controem então listas de palavras e frases - utéis no primeiro momento, mas só no começo...

Com o tempo, começam a gravar textos inteiros - mitos, depoimentos, diálogos... O ideal é gravar os falantes monolingues - aqueles que só falam uma língua - e depois transcrever, traduzir e losar com a ajuda do "consultor" (o tal falante bilíngue).

Dos textos, saem as hipóteses do lingüista. Essas são testadas por 'elicitação' - um método de fazer perguntas que permitem identificar estruturas linguisticas. Por exemplo, se você está escrevendo a gramática do inglês e vê uma frase do tipo "the snake bited the man", você pode perguntar como seria "a cobra mordeu ele" e você vai perceber que a forma do objeto é "him": "the snake bitted him".

O linguista faz trabalho de campo para documentar as línguas indígenas. Um trabalho que envolve documentar (registrar) e descrever (analisar e entender).
terça-feira, 28 de julho de 2009 0 comments

O Congresso de Americanistas

No Congresso de Americanistas, pude participar dos simposios de linguistica descritiva - que so linguistas entendem - e tambem de um simposio sobre linguas e culturas do Rio Negro. Antropologos e linguistas tentando juntos entender a historia e as mudancas do Alto Rio Negro.

No Alto Rio Negro, sao faladas mais de 20 linguas de tres familias principais - Arawak, Tukano, Nadahup (o jeito politicamente correto de falar dos Maku). A partir do final do seculo XIX, entretanto, o Nheengatu tambem passou a ser falado na regiao, de modo que os Bare, Baniwa e Werekena agora falam a lingua geral. No Rio Waupes, o Nheengatu nao teve tanta forca, mas la uma lingua Tukano passou a funcionar como lingua geral - no sentido de lingua de contato entre diversos povos.

Cada pesquisador sabe um pedacinho da historia e juntos comecamos a entender os processos e, quem sabe, criar condicoes melhores para o povos do Alto Rio Negro.
segunda-feira, 20 de julho de 2009 1 comments

O Mexico do Nahuatl


Enfim no México...

25 milhoes de habitantes... Nao eh preciso dizer mais nada, ne?

Mas imagina no tempo da invasao européia... Tenoticlan possuia cerca de 200 mil pessoas - maior do que qualquer cidade da terra dos conquistadores...

No sabado fomos aas ruinas dos mexicas na cidade do Mexico... Passear pelas ruinas foi uma bela introducao para a conferencia de hoje sobre o Nahuatl classico (lingua). A hipotese eh de que o Nahuatl da cidade grande tinha variacoes sociolinguisticas devido ao contato de varios falares regionais... Mais ou menos como Sao Paulo, em que pessoas de todas as partes se reunem criando um Portugues Brasileiro com variacoes que mostram niveis sociais, assim tambem o Nahuatl teria variacoes e tendencias bem diferentes das dos dialetos de interior (sempre mais conservadores)...

Desculpem o blog linguistico... Apenas estou recuperando a paixao pela Linguistica...
segunda-feira, 13 de julho de 2009 1 comments

Een biertje, alstublieft!

Todo turista tenta conhecer a noite de verdade - aquela em que estão os nativos e não os turistas. É o velho paradoxo: O que o turista mais quer é não ser turista.

Em Londres, fiquei hospedada em casa de uma Amiga-Africanista (Bethnal Green). À noite, fomos nos divertir em Brick Lane, uma rua enorme cheia de bares e restaurantes indianos baratíssimos!!!

Em Amsterdam, fuja de Leideseplein e de Rembrandtplein... Sério! Só consegui conhecer bares legais saindo com o Namorado-Holandês... Adoro as cervejas do De bekeerde suster na Niewmarkt. Elas são feitas por um processo artesanal... O nome do bar lembra uma freira - que nem sempre teria sido tão santinha :)

PROOOOOOOOOOOOOST!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
domingo, 12 de julho de 2009 0 comments

Colonização ao reverso

Quem não tem grana nem coragem pra ir pra África, pode dar uma passadinha em Londres ou Paris...

Em Paris, vai encontrar uma população gigante de imigrantes - que deixam o Sarkozy bem feliz :) - Na Bastilha, o show de bandas de origem africana foi muito bom... Tá, teve bandas bem legais e outras nem tanto. (13/07/2007)

O Egito está em Londres! Múmias, sacófagos, tudo no British museum Adorei os assírios e as matanças de leão... Hehehe... Várias formas de matar um leão!

Pra finalizar o passeio pela África na Europa, que tal camarão? Camarão, não! Comida do camarão! Tem um em Clapton Pond, Hackney que se chama Mgbangang' (pega o ônibus 106 da estação Bethnal Green).

O lugar tem cara de restaurante de interior... Parede azul; tv sempre ligada, pois é a única tv da casa; um balcão cheio de bebidas fortíssimas; e uma senhora simpática que atende e cozinha. Cozinha o quê? Muitas carnes: frango de panela; banana frita (que chama plantae) e outras coisas (de porco e de boi). Adorei as bananas!
domingo, 5 de julho de 2009 1 comments

Indonésia à holandesa

Os colonizadores são os verdadeiros colonizados...

Chega de batata! Melhor aprender com os povos conquistados e com os imigrantes...

Na Holanda, além do croquete e da batata frita, aprecie os restaurantes indonésios. O melhor é o ANEKA RASA perto da Estação Central, mas é caríssimo! Uma boa opção é o KANTJIL na Spui... Vá em três e peça um prato para dois, dá e sobra...

Camarão com muuuuuuuuuita pimenta! Carne, ovos cozidos e vegetais com molhos especiais. E claro "kip saté", o frango com creme de amendoim picante...

Mas se ficar com medo de tanta novidade. Vá em qualquer lojinha e peça "patat met saté", a batata frita belga com o creme de amendoim... Hummm...
sexta-feira, 3 de julho de 2009 0 comments

Sabores do norte e do sul

Quando pensamos em comida no continente europeu, sempre pensamos nas massas italianas, no bacalhau e doces portugueses, na paella espanhola (catalã para ser mais exata), nos queijos e pratos chiquérrimos da França - um país que é capaz de fazer um misto quente com ovo frito se chamar "croque madame" e custar oito euros (eu não estou brincando!).

A fama dos países do norte não é tão boa. Os holandes fazem panquecas e croquetes de batata; os ingleses são os donos da batata assada ("jacket potato" com queijo e feijão!) e os alemães inventaram o hamburger e o cachorro quente. Para acompanhar tudo isso, batata frita! Assunto que por aqui é motivo de briga. A batata fininha é francesa - daí o nome "french fries". Os belgas fizeram uma batata frita cortada mais grossa, crocante por fora! Na Holanda, há lojas especiais só para vender "vlaamse frieten". E pasmem: para acompanhar, "saté", um creme de amendoim picante, criado pelos indonésios.
quarta-feira, 17 de junho de 2009 0 comments

O México, a gripe e os americanistas

Em julho de 2009, a Universidade do México sediará o 53o. Congresso Internacional de Americanistas. Trata-se do maior e mais importante congresso de especialistas em 'americanistica', ou seja, os caras que estudam línguas e culturas da América: linguistas, antropólogos, sociólogos, jornalistas e outros.

Fiquei muito, muito contente quando meu resumo foi aceito para apresentar no Simpósio Línguas e Culturas do Alto Rio Negro. Era uma grande oportunidade de conhecer os professores que trabalham com línguas Maku, Tukano e Arawak e de estabelecer conexões com os antropólogos de São Gabriel da Cachoeira.

Fiquei tão feliz quando eu e a Amiga-Holandesa compramos as passagens e reservamos o hotel juntas :) Muito legal mesmo!!!

Mas... logo depois que compramos as passagens veio o balde d'água fria: a gripe suína! Em abril, telefonamos para a KLM para tentar desmarcar as passagens. A resposta: ainda não, espere até o mês da viagem. Em maio, a KLM estava reembolsando os passageiros, mas os de julho deviam esperar para ver se a situação melhorava.

Ontem ligamos de novo. A KLM e a seguradora de viagens do ABN me avisaram que a indicação de evitar as viagens ao México foram revogadas. Como assim foram revogadas? Hoje mesmo o México afirmou que 113 pessoas morreram de gripe.

Assim, o sonho de ir para o México aos poucos se transforma em um grande medo, mas talvez eu esteja exagerando.
segunda-feira, 15 de junho de 2009 0 comments

A guerra na visão holandesa

They are just human beings...


Este final de semana, assistimos a dois filmes holandeses sobre a guerra: Zwartboek ("Livro preto") e Oorlogswinter (2008), "a guerra no inverno".

Diferente da visão maniqueista a que estamos mais acostumados, nos filmes holandeses prevalece a consciência de que todos eram vítimas.

Em Oorlogswinter, o governo nazista era capaz de fuzilar o prefeito da cidade na praça central em plena luz do dia. Por outro, os soldados alemães salvam a vida de um garoto (o filho do prefeito) no canal congelado. "Quando os russos chegarem, vamos saber quem é o conquistador", resume uma personagem ao final do filme.

Zwartboek peca por um enrendo meio pastelão, mas mantém a consciência de que bons e maus estão em todos os lados. O filme nos leva a torcer pela vida de um general alemão e, ao mesmo tempo, mostra que na Resitência havia muitos nazistas infiltrados.

Longe de mostrar os "salvadores" que destroem o inimigo nazista, os filmes lembram que os soldados - tanto alemães quanto os resistentes - são homens, com seus medos, com seu ódio, mas também com uma capacidade imensa de ser solidário.

sexta-feira, 12 de junho de 2009 0 comments

Meu Primeiro Saramago


A primeira vez que tentei ler um Saramago, comecei logo por Memorial do Convento - o livro predileto da Amiga-Portuguesa. Foi no tempo de cursinho e com toda a tensão daquele momento, confesso que não saí das primeiras páginas.


Anos depois, já na Faculdade de Letras, o Amigo-Linguista-de-Sinais me deu de presente O Conto da Ilha Desconhecida e avisou que se tratava de uma iniciação a Saramago.


O livro é curtinho, cheio de desenhos. O enredo é delicioso, construído em cima da ousadia de um homem que ordena ao rei: "Dá-me um barco!"
O livro conquistou a todos lá em casa: Mamãe, Irmão-Mais-Velho, Titia... E conquistou também os professores em formação de São Gabriel da Cachoeira, que o encenaram em forma de peça (foto acima).
quarta-feira, 10 de junho de 2009 2 comments

A viagem do Pato

Na minha primeira viagem ao Brasil, resolvi comprar um relógio de parede enooooRme... Redondo, de vidro, com um mapa-mundi desenhado. Lindo!!! (embora nada a ver com a decoração da casa dos meus pais). O relógio permitiria que a mamãe soubesse as horas no Brasil e na Holanda :)

Encontrei-o na Expo da Kalvestraat e comprei-o imediatamente - ainda mais porque o "SALE" inflamava meus instintos consumistas.

Dias depois, qual não foi a minha surpresa quando abri a caixa... Ao invés de "O Mapa-mundi", vinha "O Pato". Sim! Um pato amarelo, E-NOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRR-ME!!!!!!! Daqueles de banheira, sabe?

Seja por preguiça ou por timidez, deixei-me ficar com o pato. Ou melhor, pedi para o Amigo-Americano guardar para mim...

O pato ficou na caixa por um ano... Foi o Namorado da Amiga-Loira que decidiu colocá-lo na parede do apartamento da Guesthouse. E dai, toda vez que vinha visita, eu explicava a razão de ter um pato no meio da sala.

Agora, na casa nova, resolvi que o Pato não ficava bem... E lá vai o Pato de avião pro Brasil, vamos ver se meu Sobrinho ou a Vovó se afeiçoam por ele. Mas, não é que agora, dá-me uma saudade do Pato...
segunda-feira, 8 de junho de 2009 0 comments

Os traços

Hoje foi o dia da Fonologia...

"Em Manchester, discutimos bastante sobre a necessidade de retomarmos a literatura básica - clássica de Fonologia"... No curso da LOT Summer School, revisamos os conceitos de traços, para que eles servem? Basta criar um sistema mínimo? Ou devemos calcar o sistema nos processos fonológicos possíveis nas línguas.

Parece bobo... Quem não é lingüista, sabe muito bem que os lingüistas são pessoas que estudam línguas. Mas nós, lingüistas, gostamos tanto de sistemas abstratos, que às vezes nos esquecemos de olhar para as línguas.
domingo, 7 de junho de 2009 2 comments

O Lustre

Algumas coisas nunca funcionam... E isso independe de estarmos na Europa ou no Brasil.

Instalar o lustre é uma delas! Por algum motivo, a embalagem nunca tem tudo o que você vai precisar. Um manual tenta explicar o processo de instalação. Como o mundo todo tem de receber as mesmas instruções, as empresas tiveram a brilhante idéia de substituir os manuais convencionais com textos por seqüências de imagens. Great! Assim brasileiros, holandeses e japoneses podem olhar os desenhinhos e ... tchanan... instalar o lustre.

O próximo passo é descobrir que o parafuso não é do tamanho certo, porque os parafusos nunca são do tamanho certo! No Brasil, o papai daria um jeitinho com arame e com fio isolante... O papai adora o Magaiver, mas é claro que nem sempre funciona... Ou se funciona, sempre peca pela estética. O Namorado finalmente me ouve e resolve deixar a instalação para amanhã, assim terá tempo de comprar um parafuso do tamanho certo... Claro, pois holandeses e brasileiros sempre deixam para instalar o lustre à noite.
 
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