quinta-feira, 2 de agosto de 2012 1 comments

Será a música ruim um reflexo de um mundo apolítico?

Em texto controverso, Daniel Gorte-Dalmoro refuta a ideia de que a ciência ganharia se os cientistas não perdessem tempo em discussões políticas, manifestações, greves etc -- ideia vinculada quase como uma "verdade absoluta" entre a sociedade paulista (ou será brasileira?). O autor, com jeito bem de provocação, lembra que a faculdade mais "baderneira" da USP abriga seis - filosofia, sociologia, história, linguística, ciências políticas e geografia - dos nove cursos da universidade que estão entre os duzentos melhores  do mundo em suas respectivas áreas. A partir daí o autor defende que a ciência progride quando em diálogo com os problemas do mundo real, quando o cientista não se aliena atrás dos muros da universidade.

Um paralelo pode ser traçado em relação à música. O Brasil dos anos 1960 produziu Geraldo Vandré, Chico Buarque. Com seus versos, afastaram o CÁLICE. O Brasil dos anos 2010, por sua vez, não aceita contestação, parece sonhar em retomar a ditadura (haja vista a pesquisa sobre a nossa falta apreço pela democracia, aqui), sem falar dos comentários de leitores de jornais e de colegas nas redes sociais, que clamam por uma PM que "baixe o cacete" em estudantes. E tanto repúdio por política, parece ter repercussões na produção "semi"-musical do país: estamos condenados a sofrer com letrinhas de amor, que os Leandros e Leonardos espalham por aí.

12 de novembro de 2011.
 
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