terça-feira, 21 de junho de 2011 0 comments

Kennislink

Lembram do texto para o jornalzinho da faculdade? Chamou a atenção de um website holandês e virou notícia: http://www.kennislink.nl/publicaties/het-nheengatu-taal-van-de-amazone
Égua! Estou tentando encontrar as palavras para contar isso aqui no Blog porque parece tão auto-propaganda, mas é isso aí. Estou feliz que o trabalho esteja aparecendo.
Hoje recebi um email nojento sobre "os indígenas não deixam ninguém entrar em suas terras e nem falam Português" e coisas assim... Quem sabe se aprendêssemos a valorizar a diversidade cultural, linguística, biológica do nosso país, pararíamos com esse complexo de que os americanos "querem roubar nosso território" e começaríamos a pesquisar essas riquezas. Não só porque a ciência ganharia muito com as descobertas que podem ser feitas na Amazônia, mas também (e principalmente) porque assim teríamos mais força na luta pela preservação do ambiente, na luta por condições dignas para os habitantes da floresta (que ganhariam muito mais com o extrativismo do que com uma usina gigantesca e o corte da madeira para se criar latifúndios de produtividade baixíssima), etc...

Por falar na usina, esse vídeo é fantástico:
quinta-feira, 16 de junho de 2011 0 comments

Apologia à paz

As manifestações do Supremo sobre liberdade de expressão me lembraram do Plebiscito do Desarmamento. Naquele tempo, eu era chamada em todas as eleições para trabalhar como mesária. No plebiscito, não foi diferente. Acordei cedo e vesti uma camiseta com a foto do Gandhi que dizia:


 "Olho por olho e o mundo acabará cego."


Meus pais viram a camiseta e perguntaram assustados:
--- Tá louca? Não pode expressar opinião como mesária.
Eu, índignada, respondi:
-- Não estou fazendo campanha política, estou apenas citando uma frase extremamente popular, quase um provérbio. Não estou dizendo explicitamente que prefiro o desarmamento.

Conversa vem, conversa vai, a minha tia, funcionária do Fórum, foi convocada para resolver o impasse e me convenceu de que não adiantava criar caso com o Juiz Eleitoral. Bom, acabei sendo uma mesaria bem comportada.
Uma das meninas da mesa foi muito mais esperta e vestiu uma camiseta com a imagem de Nossa Senhora. Minha formação católica diria que Maria concordaria que não há necessidade de civis terem armas. Porém, o país super cristão só segue a doutrina quando é para impedir a discussão sobre o aborto, o uso de células tronco, a união entre homossexuais, etc.
domingo, 12 de junho de 2011 0 comments

A escola do silêncio

Feche os olhos, tente voltar no tempo, para o tempo em que você era uma criancinha com seis ou sete anos. Primeira aula na escola e a professora começa a falar:

- Jetzt gehen wir lernen duits zu schreiben...

Putz!!! Ela está falando Alemão (naquela época, você provavelmente não conseguiria nem chegar a essa conclusão). E agora? Depois de chorar à beça, você ia acabar descobrindo que o melhor é ficar quietinho e fingir que está entendendo - cara de paisagem é sempre uma boa estratégia.

Se Alemão é difícil para nós. Português é difícil para as crianças alemãs nas escolas de comunidades pequeninhas no Rio Grande Sul. Clarice Lispector, falante nativa de íidiche, deve ter aprendido muito sobre o silêncio na experiência da escola monolíngue em Português para crianças que não falavam Português.

Durante a segunda guerra, Getúlio Vargas decidiu proibir as línguas estrangeiras no Brasil, especialmente Alemão, Italiano e Japonês - justamente três dos povos que formam boa parte da sociedade brasileira do sul do país. Proibir na ditadura getulista significava prender quem desobedecia, torturar etc.

Não era a primeira vez que um decreto proibia a diversidade linguística do território brasileiro. Já em 1757, Pombal proibiu que as pessoas falassem a língua geral no território de Maranhão e Grão Pará. De ditadura em ditadura, chegamos à proibição das línguas dos imigrantes.Só em 1988, começamos a mudar esse quadro - os povos indígenas passaram a ter o direito constitucional de ensinar em suas próprias línguas. Os povos estrangeiros, no entanto, continuam silenciados pela lei do monolinguismo.

O vídeo fala de política linguística no sul do Brasil e menciona o documentário Walachai de Rejane Zilles (Brasil, 2009). Estou morrendo de vontade de ver, mas acho que vou levar um tempinho para ter acesso. Vai a dica para quem está no Brasil (a Biblioteca da ECA-USP costuma ter esses filmes):




Post escrito em junho, 2010
quarta-feira, 1 de junho de 2011 3 comments

Um lado / outro lado



Um lado de mim teima em ler poemas tristes e gostaria de reproduzir estas palavras de José Luís Peixoto:


"a minha dor é esta primavera que nasce e me mostra
que o inverno se instalou definitivamente dentro de mim"

Outro lado de mim resiste:

"A sorrir eu pretendo
levar a vida
Pois chorando eu vi 
a mocidade perdida
Finda a tempestade
O sol nascerá 
Finda esta saudade
Hei de ter outro
alguém para amar"


 
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