Diante da perspectiva de que a usina de Fukushima pudesse explodir, manifestei-me desfavoravelmente a usinas nucleares, especialmente em uma região de falha tectônica. Alguém, provavelmente um físico, contestou que não havia outra solução para o Japão. Para um crescimento com toda a tecnologia que o Japão dispõe e boa parte do resto do mundo inveja, talvez não haja mesmo outra solução.
Mas daí vem a pergunta sobre até que ponto precisamos de toda essa tecnologia? Ou, em uma versão mais moderada da pergunta, até que ponto não é possível investir em tecnologias que usem formas de energia menos agressivas? Vivendo na Holanda, utilizando bicicleta para distâncias curtas e trem para distâncias longas, olhando para a janela enorme do apartamento que permite que eu não precise acender a luz durante o dia, tenho a impressão de que podemos pelo menos tentar usar menos energia.
Nas viagens pela Holanda, olho para os grandes moinhos modernos e me pergunto "energia eólica é bobagem com dizem colegas no Brasil? Então, por que os holandeses constroem tantos moinhos?" Não tenho respostas, apenas me junto aos 40 mil chilenos que em 20 de maio questionaram a construção de hidroelétricas na Patagônia, um dos biomas mais bem preservados da terra e com uma quantidade de seres que só ocorrem naquele lugar (além de ser um lugar fantástico, como vi com meus próprios olhos em 2005, veja fotos aqui).
E me impressiono com a crueldade com que parecem estar sendo tratados os construtores de Jirau. A reportagem descreve cenas tão dantescas, misturadas ao rídiculo do canal de TV que finge que manifestações são atos de "vandalismo", que custei a acreditar no que li. Somos nós eternamente operários das minas no Germinal.
Escrito em maio/2011