sexta-feira, 11 de novembro de 2016 0 comments

Collecting the 19th century

Museological and archaeological perspectives fromEurope and Latin America, Leiden University, October 17th, 2016
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The event put together colleagues working on the anthropological collections made in 19th century by European museums, using material collected in Americas. The event made me think about my own work as a linguist who describe indigenous languages: is the documentation of indigenous languages of Americas a continuity of the 19th century expeditions? Is  digital database a modern version of museum collections? How can we use the activity of documenting languages and registering cultures to have a stronger impact in the valorization of cultural diversity?  How can we use the activity of documenting languages and registering cultures to have a stronger impact in the day-by-day lives of the communities with whom we work?
sexta-feira, 7 de outubro de 2016 0 comments

Se não somos militantes, que tenhamos alteridade

Em geral, tenho bastante preguiça de usar "Car@s colegas" ou "Caros e caras...", o texto de Tânia Rezende, me obriga a repensar minhas própeias práticas.


Se não somos militantes, que tenhamos alteridade

Em sessão do Supremo Tribunal Federal, no dia 10 de agosto, ocorreu o seguinte diálogo entre o presidente da Casa, ministro Ricardo Lewandowski, e a ministra Carmen Lúcia, recém-eleita à presidência do STF, a partir de setembro:
Concedo a palavra à ministra Cármen Lúcia, nossa presidenta eleita… ou presidente?
Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa. Acho que o cargo é de presidente, não é não?
É bom esclarecer desde logo, não é?
As escolhas linguísticas que fazemos revelam nossas ideologias e atitudes. Foi o que revelou a ministra Carmen Lúcia, ao responder ao presidente do STF, com uma justificativa sustentada na norma linguística (sou amante da língua portuguesa), o tradicional discurso de autoridade; subsidiada pela escola (Eu fui estudante), a agência de sustentação da norma; e legitimada pela nomeação (o cargo é de presidente), o poder da oficialidade. Com isso, a ministra mobilizou, em poucas palavras, poderosas agências de socialização de gênero, em defesa da manutenção da ideologia de gênero vigente na sociedade.
Não se trata, nesse caso, de “correção gramatical”, conforme sentenciam os gramáticos, rapidamente evocados pela mídia. Trata-se de preferência, como defende a mesma mídia. Mais que um fato linguístico, a marca de gênero em “presidenta”, atualmente, é o indicador de uma mudança social maior.  Mikhail Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da Linguagem (2006), defende que a linguagem, por ser ideológica, é o termômetro mais sensível das mudanças sociais. O embate a que temos assistido entre “presidente” e “presidenta”, desde a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República do Brasil, em 2010, é a representação linguística de uma transformação social contemporânea.
Por exemplo, há algum tempo, observo, em Goiânia, que alguns homens, para expressar agradecimento a uma mulher, dizem: obrigada. Ou seja, o gênero gramatical concorda com o gênero social da interlocutora. Ao cumprimentar meus amigos indígenas nas redes sociais, pelo aniversário deles, eles me agradecem, dizendo também obrigada.  
Algumas línguas indígenas fazem distinção entre a fala masculina e a fala feminina. Esse background linguístico pode estar orientando o uso do gênero centrado na interlocutora e não no locutor, quando esses indígenas falam em português. O fato de os goianos também marcarem o gênero gramatical do agradecimento, considerando o gênero social da interlocutora, aponta para a possibilidade de influências indígenas na cosmovisão e na epistemologia linguística goianas.
As explicações e as discussões sobre a língua são feitas na própria língua, fazendo com que “a cumplicidade ontológica entre as categorias linguísticas e as categorias sociais pareça natural” quando, na realidade, é construída e imposta. Ou seja, as práticas linguísticas seguem convenções, portanto, as tradições linguísticas são invenções discursivizadas, que podem ser (e são) desinventadas, da forma defendida por Cristine Severo (2016), em A invenção colonial das línguas da América, e muit@s goian@s já as estão reinventando no agradecimento.
Da mesma forma, no uso visibilizado do feminino, como em “bom dia a todas e a todos”, já bastante aceito; no emprego, na escrita, de “alunas e alunos” ou “os/as estudantes”, no lugar do falso genérico masculino “alunos”, “estudantes” para indicar masculino e feminino, invisibilizando ou, pior ainda, excluindo, as mulheres, não está em questão o pressuposto do certo/errado ou o que é ou não correto na língua, considerando o que diz a gramática normativa. Trata-se de uma escolha política de uma regra ideológica para dar existência e visibilidade às mulheres, na sociedade, pela linguagem.
Com relação ao emprego de símbolos, como ‘x’ ou ‘@’, o que está em questão é a ruptura epistemológica: rompe-se com a epistemologia maniqueísta de mundo, com a visão binária de gênero, e propõe-se uma concepção pluralista de gênero. Para além de feminino e masculino, propõe-se dar existência e visibilidade à pluralidade de gêneros existentes na sociedade. Trata-se de uma proposta mais inclusiva.    
Enfim, se não somos e nem queremos ser militantes, temos de reconhecer que as conquistas das mulheres são devedoras das lutas e atuações históricas das militantes. Por isso, se não usamos uma linguagem, sobretudo uma escrita, menos sexista, porque não somos/não queremos ser militantes, usemos, então, pelo menos, por alteridade.
*Tânia Rezende é professora da Faculdade de Letras da UFG

Original no Jornal da UFG

sábado, 30 de julho de 2016 0 comments

Uma provocação: gramática é fundamental para escrever ou para aprender a escrever?

Eu não sei se é. Tem uma frase do Autran Dourado que diz assim com relação à gramática: “É preciso aprender a gramática, para depois esquecê-la”. Vamos colocar isso de outro jeito: para você refinar a sua expressão escrita é importante desenvolver consciência sobre como a língua é e como ela funciona estruturalmente. Vamos pensar sobre a organização sintática como parte do processo. Então, quando eu estou lendo um texto, de repente parar num determinado momento, destacar e analisar um segmento e perceber que o autor usou orações coordenadas, que ele poderia ter usado subordinadas. É importante ter essa consciência, assim como ter consciência do funcionamento social da língua, de que você varia a língua conforme o contexto em que você está, conforme o gênero. Quer dizer, escrever um conto é diferente de escrever um poema; fazer um sermão é diferente de narrar um jogo de futebol. Há um processo todo que nós fazemos na adequação da linguagem. As duas coisas são importantes: língua na dinâmica interacional, social, e a estrutura da língua. A possibilidade de você rastrear no vocabulário palavras mais precisas para aquilo que você quer dizer, essa reflexão é fundamental. Agora, qual é o problema da gramática? A gramática é ensinada escolasticamente: você dá o conceito, o exemplo, e faz exercício. Isso não faz sentido para quem está se aproximando da língua e precisa compreender como ela funciona.
Carlos Alberto Faraco, em entrevista publicada aqui

sábado, 23 de julho de 2016 0 comments

No Museu Antropológico :)



Museu Antropológico recebe pesquisadora da Universidade de Leiden


Criada em 20/07/16 21:06. Atualizada em 21/07/16 13:47.


Mariana Françozo falou sobre a circulação de objetos e saberes indígenas na América Portuguesa e nos países Baixos

Texto: Natália Esteves
Fotos: Adriana Silva
Durante a colonização holandesa no Brasil no século 16, Maurício de Nassau governou a colônia holandesa no Nordeste do Brasil de 1637 e 1644. Dentre suas realizações, ele foi responsável pela criação do Museu Natural, Jardim Botânico e Zoológico de Recife, além da modernização da cidade. Nassau também ficou conhecido por ser um grande colecionador de objetos indígenas. É exatamente deste ponto que parte a pesquisa da professora Mariana Françoso, da Universidade de Leiden, na Holanda, sobre a circulação desses objetos e saberes entre a América Portuguesa e os países Baixos. A pesquisadora esteve no Museu Antropológico da UFG na tarde desta quarta-feira (20/7), onde ministrou palestra sobre o assunto.
Em sua fala, a pesquisadora afirmou que é necessário pensar os saberes indígenas como sistemas de conhecimento que funcionam assim como a ciência para explicar o mundo. "A ciência é a forma Ocidental de entender a natureza e o lugar do homem no espaço. Os conhecimentos indígenas fazem a mesma coisa, só que com outros conceitos e ideias. Precisamos entender que são sistemas que coexistem e que podem aprender um com o outro”, explicou.
O interesse da professora pela coleção de objetos predominantemente indígenas que Mauricio de Nassau adquiriu durante sua passagem pelo Brasil resultou no livro intitulado De Olinda a Holanda, que trata exatamente sobre a troca de saberes desses povos indígenas e objetos, mostrando a relação da construção do conhecimento colonial composto por diversos sujeitos.
Museu antropológico recebe conversa sobre saberes indígenas
Professa Mariana Françozo da Universidade de Leiden expõe o livro fruto da tese de doutorado
Atualmente a professora também desenvolve, ainda em fases iniciais, uma pesquisa sobre o livro História Natural do Brasil, publicado em 1648, com autoria de George Marcgraf e Guilherme Piso. A publicação é a primeira sobre geografia e natureza do Brasil. O projeto vai ser desenvolvido na Universidade de Leiden e contará com a contribuição na parte de linguística, da professora da Faculdade de Letras da UFG, Aline da Cruz. 
Museu antropológico recebe conversa sobre saberes indígenas
Pesquisadora explicou que saberes indígenas devem ser pensados como a ciência
Fonte : Ascom UFG

terça-feira, 3 de maio de 2016 0 comments

O príncipe desmascarado

Bela-recatada-e-do-lar, Cinderela recebe de sua fada madrinha um vestido de tafetá azul, sapatinhos de cristal, carruagem. Com todas essas máscaras, encontra o príncipe encantado e são felizes para sempre... Aplausos! Aplausos! Suspiros! 

balde-de-agua-620x450.jpg (620×450)

Adını Feriha Koydum (aka, El secreto de Feriha) reconta a história de Cinderela, situando-a em Istambul de hoje. O príncipe é Emir, herdeiro de discotecas da moda; e Cinderela é Feriha, "la hija del concierge" (a filha do porteiro). As semelhanças acabam por aí. Em uma sociedade em que todos têm suas máscaras, la hija del concierge é condenada exatamente porque, como uma adolescente sonhadora, ousou se passar por uma menina rica.

O conto de fadas se desfaz; a fada se torna bruxa; o príncipe, coronel. E la hija del concierge passa de niña à mulher. A história que se desenvolvia como uma espécie de Barrados no Baile turca, transforma-se rapidamente em um retrato frio de uma sociedade machista. O trecho abaixo apresenta uma pequena amostra do príncipe real, sem suas máscaras. Não é preciso legendas, nem contexto para enxergar a violência física e moral a que Feriha é submetida (em espanhol, aqui)



segunda-feira, 2 de maio de 2016 0 comments

Da onde vem as curtidas do Bolsonaro...

Um teste, um simples teste de internet: “Clique aqui para ver se seus amigos curtem Bolsonaro!” Quem resiste, não é? Claro que tem sempre um colega de colégio daqueles que você não vê há alguns anos, morador da Reaçolândia. Mas daí vem o choque – esperado, é verdade, mas choque: uma grande amiga da mamãe e minha amiga também.

Ah! Por favor, deleta sem pestanejar!!!

Mas daí me lembro que a Amiga mora no bairro que se encontra no final da rua da minha casa. Quando nasci, chamávamos aquele lugar de “favela” e não passávamos por lá de jeito nenhum. Na minha infância, a turma do bairro e a turma da favela se uniram e conseguiram eleger um vereador do PT. Essa união jamais teria ocorrido não fosse a igreja católica do bairro – seria maldade não mencionar. Comunidade e vereador trabalharam duro, conseguiram levar água, luz, caminhão de lixo, urbanizar a favela. Os problemas não desapareceram (claro que não!), mas agora há mais dignidade para enfrentá-los.

E a Amiga enfrenta... Ah! Enfrenta muito mais do que eu! Um dia o prefeito visitaria a escola do bairro. Antes da visita, funcionários da prefeitura limparam a rua, pintaram o meio fio. E a Amiga foi conversar com os funcionários. Indignada perguntava: “Por que vocês nunca limpam a rua, nunca pintam nada e agora vem fazer isso? O prefeito tem de ver a cidade como é de verdade, como ele deixa para nós moradores.”

Em outro episódio, movimentou a escola toda para pedir sua reforma. O prédio estava caindo aos pedaços com goteiras para todos e lados. Como membro atuante a associação de pais, conseguiu chamar a atenção dos governantes (do PT, diga-se de passagem) e já estão construindo uma escola nova. Fizeram bobagem nessa construção – devo concordar com a Amiga – tiraram um jardim gigante com árvores enormes para construir uma quadra esportiva (detalhe há uma quadra na pracinha em frente à escola, e ninguém usa).


E por que a Amiga “curte Bolsonaro”? Não perguntei. Tenho certeza de que não tem nada a ver com racismo ou apologia à tortura (provavelmente nem sabe de tudo isso). Em uma das nossas últimas conversas, ela me contou do material didático preparado para discutir questões de sexualidade. Não conheço o material, não posso julgá-lo, mas contei-lhe sobre como é guerreira e estudiosa, minha aluna trans. Ela concordou com o respeito aos trans, contou sobre os colegas da filha na turma de Jazz (de graça, pela prefeitura). Mas simplesmente não tolerou o material. 


Disclaimer:  é sempre bom tentar entender
porque o oprimido segue o seu opressor.



20 de abril de 2016.
sábado, 30 de abril de 2016 0 comments

A terra e a lua

Durante todas as noites, depois que todos vão  dormir, a lua e a terra têm um romance. E ainda que não possam tocar-se, todo o universo conta sobre o grande amor entre a terra e a lua.




sábado, 23 de abril de 2016 1 comments

Os bons costumes








Costumes, costumes costumes,
Como podem os servos de Deus
se tornarem escravos dos homens?

A canção de abertura da série turca não poderia ser mais apropriada ao momento em que estamos vivendo.  Momento em que o conselho dos aghas (aka, 'congresso nacional') toma decisões em nome da família, de Deus e, por que não dizer "dos bons costumes". Cabe a uma criança explicar que o agha "é o dono de tudo e de todos por aqui". Com um pouquinho mais de busca na internet, descobrimos que agha era o termo usado no Império Otomano (1299-1923) para designar o chefe de uma unidade política, que atuava como juiz e militar, grande proprietário. Na terra do pequi, "nosso adorado coronel".

A série conta a história do casamento entre o agha, Boran, e a filha de camponeses, Sila. A farsa se desfaz rapidamente e descobrimos que nem Boran nem Sila aceitam o papel que receberam ao nascer: o dele, de se tornar um assassino; o dela, de ser bela-recatada-e-do-lar. Juntos, Sila e Boran enfrentarão os costumes de Mardin, uma cidade perdida na história.

A série ganhou as televisões da Turquia, da Grécia, da Croácia, Eslovênia, da Servia, de Montenegro, da Bosnia e Herzegovina, da Macedônia, da Bulgária. Cruzou o oceano e tornou-se novela para cativar os públicos da Colômbia e do Chile. E, então, desembarcou no Brasil. Nesse telefone sem fio de inúmeras traduções, o questionamento às tradições se esvaziou. Na dublagem da Band, "agha" soa como um sobrenome qualquer. A punhalada mais gritante no texto, no entanto, vem da substituição da canção Töre (Costumes) de Sezen Aksu, cantora reconhecida mundialmente e ativista, por  Vai chegar de Li Martins (QUEM???), cantora estreante que foi trazida do reality A Fazenda. Não sejamos ingênuos, não se trata de uma adaptação para o (des)gosto musical brasileiro. A mudança tira o foco do questionamento das "leis dos homens em nome de Deus" e transforma a história em um conto de fadas mal-ajambrado em que a donzela espera por um amor que "vai chegar para durar para sempre, a gente tem de acreditar". 

ɑɑɑɑɑh:

Bile-em-vômitos-300x252.jpg (300×252)       
terça-feira, 19 de abril de 2016 0 comments

Hope

sábado, 16 de abril de 2016 0 comments

O mesmo coração

"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia"
Tolstoi



Há algum tempo deixei de ter televisão em casa. Durante os anos de Holanda, a televisão não me fazia falta e depois no Brasil, levamos um tempo para decidirmos a comprá-la: uma Sony, gigante, de led que acabou por chamar atenção de alguns homens que a roubaram - o aparelho e minha paz...

Daí decidimos ficar sem televisão por tempo indeterminado. A decisão combinava com o discurso de "professora universitária" que não precisa de televisão, daquela que lê as notícias por diversos meios de comunicação - não ficando trancada na perspectiva manipuladora da Globo.

Para além do discurso, há uma mulher apaixonada por histórias longas, por histórias de amor, de ódio, de vingança. A mesma paixão que me leva para a literatura, também me leva para as novelas... Ah! Sim... Devo confessar que os capítulos iniciais de uma novela podem me cativar e me prender, como prendem à minha mãe, como prendiam à minha avó e é fácil imaginar que minhas bisavós ou tataravós também se prendiam por uma história de amor - seja essa história registrada em livros, folhetins, rádio, televisão ou agora no Youtube...

Assim, alguns dias em casa de minha mãe foram suficientes para que eu me interessasse pela história de Sila, uma jovem turca que se casa com o chefe de uma tribo do interior da Turquia. No decorrer dos capítulos (que assisto em Espanhol, na internet), a novela joga com as dicotomias turcas:

Istambul              Mardin
            Europa              Oriente Médio
atualidade          tradição 


Aparentemente a novela tenta criticar as tradições, o papel insignificante da mulher naquela sociedade, mas ao fazê-lo não deixa de ratificar os valores que condena. A autora parece consciente de que o maniqueismo não se sustenta, de que heróis e vilões têm "o mesmo coração". Em um diálogo intenso e preciso, enquanto Berzan descreve o crime que permitiu o nascimento de seu filho, Boran não o pode julgar, não pode se livrar de seus próprios pensamentos, de sua própria culpa: 

"O amor, sabes bem, o venenoso que pode ser. A diferença entre nós é que não tive a oportunidade de desculpar-me, nenhuma oportunidade".



terça-feira, 12 de abril de 2016 0 comments

Home sick


http://join.lovingvincent.com/
quinta-feira, 7 de abril de 2016 0 comments

Aula de fonética



Aula de fonética também pode ser divertida!!! Afinal nem todas as interjeições obedecem ao inventório fonológico, não é mesmo?


0,0:00:02.37,0:00:06.20, Descrição fonética de sons chatos que os adolescentes fazem
0,0:00:06.20,0:00:10.23,  voz sussurrada, vogal longa, baixa, posterior
 0,0:00:10.24,0:00:14.92,  não-arredondada  com língua avançada [ɒɒɒɒɒɒ]
 0,0:00:14.92,0:00:18.28,  oclusiva glotal
 0,0:00:18.28,0:00:22.51,  vogal reduzida, central, média, arredondada, seguida de fricativa glotal longa
 0,0:00:22.51,0:00:26.21,  ɜɜɜh:  ou
 0,0:00:26.21,0:00:30.64,  ɒɒɒh: colocada no começo
 0,0:00:30.64,0:00:34.12,  e clique alveolar com uma coarticulação velar
 0,0:00:34.12,0:00:41.12,  glide alveolar longa com voz crepitante (laringalizada) e oclusiva glotal
 0,0:00:43.73,0:00:47.66,  jeɁ  jeɁ
 0,0:00:47.67,0:00:54.67,  africada velar desvozeada [k͡x]
 0,0:00:58.14,0:01:01.82,  oclusiva alveolar vozeada, e voz susssurrada,
 0,0:01:01.82,0:01:06.55,  vogal baixa, posterior, não arredondada [˷tɑɑɑɑ]
 0,0:01:06.55,0:01:11.39,  finalizando com um ditongo com uma vogal alta anterior
 0,0:01:11.39,0:01:17.25,  [teeee]
 0,0:01:17.25,0:01:20.45,  fricativa glotal e vogal com voz sussurrada, média baixa, central, não arredondada
 0,0:01:20.45,0:01:23.59,  repetida [hɜ hɜ hɜ hɜ]
 0,0:01:23.59,0:01:29.59,  consoante pulmonar ingressiva vibrante nasal velar 
 0,0:01:29.59,0:01:33.61,  [...]
 0,0:01:33.61,0:01:38.11,  fricativa uvular labializada desvozeada   [χ{\fs10}w

 0,0:01:38.11,0:01:40.93,  Obrigado!

Quem sabe, não façamos um vídeo sobre os adolescentes brasileiros também!
domingo, 28 de fevereiro de 2016 0 comments

Por uma escola bilíngue!



Crianças indígenas (aqui), crianças com pais imigrantes (aqui), crianças de todas as culturas precisam ter acesso ao conhecimento em língua materna! 

A professora do vídeo discute fechamento
das classes bilíngues, veja aqui.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016 0 comments

Vozes

I want to be a civil engineer so I will rebuild my country


Vozes reais, vozes distantes, vozes próximas e cada vez mais próximas. Vozes que saem dos filmes e chegam à sala de aula, à minha sala de aula.






quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016 0 comments

As três peneiras de Sócrates

Na imensidão de comentários inuteis (que não perdemos a mania de ler!), um leitor chamado Marcus nos presenteia com uma parábola de Sócrates.


As três Peneiras de Sócrates


Conta-se que certa vez um amigo procurou Sócrates para contar-lhe uma
 informação que julgava de seu interesse:
☺ Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
☻ Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero
 saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
☺Três peneiras? Que queres dizer?
☻ Vamos peneirar aquilo que queres me dizer. Devemos sempre
 usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção:
A primeira é a Peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que
 queres dizer-me é verdade?
☺ Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
☻ A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves
ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
☺ Envergonhado, o homem respondeu: - Devo confessar que não.
☻ A terceira peneira é a da NECESSIDADE. Pensaste bem se é
necessário  contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante?
 Vai resolver alguma coisa? Ajudar alguém? Melhorar alguma coisa?
☺ Necessário? Na verdade, não.
☻ Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro,
nem bom, nem necessário, então é melhor que o guardes apenas para ti.
Assim, da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo
das Três Peneiras: Verdade, Bondade, Necessidade, antes de obedecer
ao impulso de passá-lo adiante, porque:
Pessoas inteligentes falam sobre idéias;
Pessoas comuns falam sobre coisas;
Pessoas mesquinhas falam sobre pessoas.
Mas, na verdade, não é tão fácil assim usar no dia a dia essas
três simples peneirinhas, afinal, desde que o mundo é mundo,
conversa vai, conversa vem e, quando menos se espera alguma
 história já se espalhou, entretanto, nesse momento, vale lembrar
que toda a história tem pelo menos dois lados e, como tal, nada
 mais justo do que ouvir todos os envolvidos.


Em tempos de redes sociais, Sócrates não poderia estar mais correto.
(O comentário foi feito para o texto
O Aladin, a vendedora de água e o risco das histórias pela metade)


sábado, 30 de janeiro de 2016 0 comments

No dia das mulheres (atrasado)

A Carol escreveu há algum tempo um post sobre a angústia da plenitude de estar grávida. A primeira vez que li, causou-me estranhamento, confesso que me irritei com o texto. Mas, vez ou outra, as palavras da Carol no Porto, ressoam na minha cabeça.

O problema não é a questão de se a gravidez é ou não um momento de plenitude. O problema é que nenhuma outra vitória feminina é tão comemorada como a de ser mãe - que mais do que motivo de felicidade da família, tornou-se na sociedade brasileira uma obrigação.

Uma vez, uma amiga de infância conseguiu um emprego no maior jornal do país. Era seu grande sonho desde o colegial e sempre nos pareceu uma grande ilusão. Anos passaram, algumas de nós casaram, conseguiram empregos estáveis. E a Amiga-Jornalista seguiu seu caminho. Quebrou a cara muitas vezes; conheceu picaretas, conheceu um cara legal; conseguiu trabalhos bem chatos, conseguiu trabalhos menos chatos. E de repente, nos enviou uma mensagem contando que finalmente havia conseguido emprego no jornal de seus sonhos. Mais que isso, estava trabalhando na seção de que mais gostava.

A comemoração das amigas reduziu-se ao silêncio. Não era inveja, não era desprezo. Simplesmente a informação sobre o trabalho não despertou atenção. Não era assim uma notícia como "Estou grávida". Era uma notícia básica, irrelevante do tipo "Troquei de carro" (se bem que esta tende a ser super-valorizada).

 E foi então que ficou claro para mim, que uma mulher no Brasil só existe quando é mãe.

(Hoofddorf, março de 2009)



P.S.: Encontrei este texto perdido entre os  "papeis digitais".
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William Stokoe



Lembra que falamos de William Stokoe AQUI? Nada melhor do que contar a história do "cara" em ASL, não é? rsrsrsr  Mmmmm... como nem todo mundo vai conseguir entender, esbocei aqui uma legenda - assim, meus queridos alunos, podem ter uma ideia do que se conta no filme:


 0,0:00:07.00   -   0  :00:09.00,  -  Você sabia
 0,0:00:09.00   -   0  :00:11.00,  -  que antes de meados de 1950
 0,0:00:13.00   -   0  :00:15.00,  -  A língua de sinais americana (ASL) foi
 0,0:00:15.00   -   0  :00:17.00,  -  vista como um Inglês "quebrado"
 0,0:00:17.00   -   0  :00:21.00,  -  e não era reconhecida
 0,0:00:23.00   -   0  :00:25.00,  -  como uma língua verdadeira
 0,0:00:25.00   -   0  :00:27.00,  -  Como parte do Mês da História do Surdo
 0,0:00:27.00   -   0  :00:29.00,  -  nóss queremos lembrar e honrar
 0,0:00:31.00   -   0  :00:33.00,  -  William "Bill"C. Stokoe, Jr.,
 0,0:00:37.00   -   0  :00:39.00,  -  o linguista é conhecido por
 0,0:00:39.00   -   0  :00:41.00,  -  mostrar que a ASL é uma língua de verdade
 0,0:00:41.00   -   0  :00:43.00,  -  similar a línguas orais
 0,0:00:43.00   -   0  :00:47.00,  -  com sentidos próprios
 0,0:00:47.00   -   0  :00:49.00,  -  com estrutura e sintaxe própria
 0,0:00:49.00   -   0  :00:53.00,  -  É por isso que nós o admiramos.
 0,0:00:53.00   -   0  :00:55.00,  -  pelo o que ele fez
 0,0:00:57.00   -   0  :00:59.00,  -  A pesquisa de Stokoe foi revolucionária
 0,0:01:01.00   -   0  :01:03.00,  -  muitos linguistas pensavam que a ASL
 0,0:01:03.00   -   0  :01:05.00,  -  era uma língua primitiva
 0,0:01:05.00   -   0  :01:07.00,  -  que imitava a língua oral
 0,0:01:07.00   -   0  :01:09.00,  - 
 0,0:01:09.00   -   0  :01:11.00,  -  O uso da ASL foi proibido
 0,0:01:11.00   -   0  :01:15.00,  -  em muitos cenários educacionais
 0,0:01:17.00   -   0  :01:19.00,  -  Frequentemente, as pessoas surdas eram punidas por
 0,0:01:19.00   -   0  :01:21.00,  -  usarem ASL nas escolas de surdos
 0,0:01:21.00   -   0  :01:23.00,  -  assim como na Universidade de Gallaudet
 0,0:01:23.00   -   0  :01:25.00,  -  Entretanto, quando os estudantes  estavam
 0,0:01:25.00   -   0  :01:29.00,  -  juntos em seus dormitórios
 0,0:01:31.00   -   0  :01:33.00,  -  e em outros lugares, eles sinalizavam
 0,0:01:35.00   -   0  :01:37.00,  -  o que ajudava a preservar a língua
 0,0:01:37.00   -   0  :01:39.00,  -  Quando Stokoe chegou em Gallaudet
 0,0:01:39.00   -   0  :01:41.00,  -  ele sabia pouco
 0,0:01:41.00   -   0  :01:45.00,  -  sobre a surdez e sobre a língua de sinais
 0,0:01:45.00   -   0  :01:47.00,  -  Ele tinha sido contratado
 0,0:01:47.00   -   0  :01:49.00,  -  para ensinar inglês
 0,0:01:49.00   -   0  :01:51.00,  -  Como os outros professores de Gallaudet,
 0,0:01:51.00   -   0  :01:53.00,  -  naquele tempo, Stokoe deveria
 0,0:01:53.00   -   0  :01:55.00,  -  ensinar
 0,0:01:55.00   -   0  :01:59.00,  -  sem utilizar a língua de sinais
 0,0:02:01.00   -   0  :02:03.00,  -  Acreditavam que o oralismo (comunicar oralmente
 0,0:02:03.00   -   0  :02:05.00,  -  e a leitura labial) dava aos estudantes
 0,0:02:05.00   -   0  :02:07.00,  -  mais chances de integrar
 0,0:02:07.00   -   0  :02:09.00,  -  no mundo dos ouvintes
 0,0:02:09.00   -   0  :02:13.00,  -  Quando Stokoe viu as pessoas sinalizando,
 0,0:02:13.00   -   0  :02:15.00,  -  ele ficou fascinado
 0,0:02:15.00   -   0  :02:19.00,  -  com o método de comunicação por sinais
 0,0:02:19.00   -   0  :02:21.00,  -  e, nesse momento, ele reconheceu isso
 0,0:02:21.00   -   0  :02:24.00,  -  como uma língua legítima
 0,0:02:25.00   -   0  :02:27.00,  -  Em 1960, Stokoe publicou
 0,0:02:27.00   -   0  :02:29.00,  -  "A Estrutura da Língua de Sinal"
 0,0:02:31.00   -   0  :02:33.00,  -  Cinco anos depois,
 0,0:02:33.00   -   0  :02:35.00,  -  ele foi co-autor e publicou
 0,0:02:35.00   -   0  :02:37.00,  -  com Carl Croneberg
 0,0:02:37.00   -   0  :02:39.00,  -  e Dorothy Casterline
 0,0:02:39.00   -   0  :02:41.00,  -  o livro "Um Dicionário de
 0,0:02:41.00   -   0  :02:43.00,  -  Língua de Sinais Americana (ASL)
 0,0:02:43.00   -   0  :02:45.00,  -  com Princípios Linguísticos"
 0,0:02:47.00   -   0  :02:49.00,  -  Os dois livros ajudaram a confirmar
 0,0:02:49.00   -   0  :02:51.00,  -  que a língua de sinais se ajusta
 0,0:02:51.00   -   0  :02:55.00,  -  a definição de uma língua
 0,0:02:55.00   -   0  :02:57.00,  -  - o que foi monumental
 0,0:02:57.00   -   0  :02:59.00,  -  e na identificação da cultura surda
 0,0:02:59.00   -   0  :03:03.00,  -  As ideias de Stokoe foram gradualmente aceitas
 0,0:03:03.00   -   0  :03:07.00,  -  e as escolas reexaminaram a maneira
 0,0:03:07.00   -   0  :03:09.00,  -  que elas educavam os estudantes surdos
 0,0:03:09.00   -   0  :03:13.00,  -  Hoje, muitas escolas para surdos usam
 0,0:03:13.00   -   0  :03:15.00,  -  métodos combinados de língua de sinais
 0,0:03:15.00   -   0  :03:17.00,  -  e orais para a instrução
 0,0:03:17.00   -   0  :03:19.00,  -  Depois de muitos anos,
 0,0:03:19.00   -   0  :03:23.00,  -  a persistência de Stokoe levou a
 0,0:03:23.00   -   0  :03:25.00,  -  aceitação dos sinais
 0,0:03:25.00   -   0  :03:27.00,  -  na sala de aula
 0,0:03:27.00   -   0  :03:29.00,  -  e ele foi finalmente reconhecido
 0,0:03:29.00   -   0  :03:31.00,  -  pelo trabalho que fez
 0,0:03:31.00   -   0  :03:33.00,  - 
 0,0:03:33.00   -   0  :03:35.00,  -  A outra paixão de Stokoe era
 0,0:03:35.00   -   0  :03:41.00,  -  tocar gaita de fole
 0,0:03:41.00   -   0  :03:43.00,  -  Frequentemente, ele marchava
 0,0:03:43.00   -   0  :03:45.00,  -  pelo campus de Gallaudet
 0,0:03:45.00   -   0  :03:47.00,  -  em completo uniforme escocês
 0,0:03:47.00   -   0  :03:49.00,  -  para o desgosto de
 0,0:03:49.00   -   0  :03:53.00,  -  alguns dos seus colegas ouvintes,
 0,0:03:53.00   -   0  :03:55.00,  -  que achavam o som insuportável
 0,0:03:55.00   -   0  :03:59.00,  -  Em 1984, depois de sua aposentadoria,
 0,0:03:59.00   -   0  :04:03.00,  -  tornou-se um professor emérito em Gallaudet
 0,0:04:03.00   -   0  :04:05.00,  -  e, em 1988, Gallaudet o premiou
 0,0:04:05.00   -   0  :04:07.00,  -  com um grau de doutor honoris causa
 0,0:04:07.00   -   0  :04:11.00,  -  Hoje, algumas pessoas se referem a

 0,0:04:11.00   -   0  :04:13.00,  -  Stokoe como "o pai da ASL"


P.S.: Pai da Linguística das línguas de sinais, "pai da ASL" é um exagero!!!!

 
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