quarta-feira, 17 de junho de 2009 0 comments

O México, a gripe e os americanistas

Em julho de 2009, a Universidade do México sediará o 53o. Congresso Internacional de Americanistas. Trata-se do maior e mais importante congresso de especialistas em 'americanistica', ou seja, os caras que estudam línguas e culturas da América: linguistas, antropólogos, sociólogos, jornalistas e outros.

Fiquei muito, muito contente quando meu resumo foi aceito para apresentar no Simpósio Línguas e Culturas do Alto Rio Negro. Era uma grande oportunidade de conhecer os professores que trabalham com línguas Maku, Tukano e Arawak e de estabelecer conexões com os antropólogos de São Gabriel da Cachoeira.

Fiquei tão feliz quando eu e a Amiga-Holandesa compramos as passagens e reservamos o hotel juntas :) Muito legal mesmo!!!

Mas... logo depois que compramos as passagens veio o balde d'água fria: a gripe suína! Em abril, telefonamos para a KLM para tentar desmarcar as passagens. A resposta: ainda não, espere até o mês da viagem. Em maio, a KLM estava reembolsando os passageiros, mas os de julho deviam esperar para ver se a situação melhorava.

Ontem ligamos de novo. A KLM e a seguradora de viagens do ABN me avisaram que a indicação de evitar as viagens ao México foram revogadas. Como assim foram revogadas? Hoje mesmo o México afirmou que 113 pessoas morreram de gripe.

Assim, o sonho de ir para o México aos poucos se transforma em um grande medo, mas talvez eu esteja exagerando.
segunda-feira, 15 de junho de 2009 0 comments

A guerra na visão holandesa

They are just human beings...


Este final de semana, assistimos a dois filmes holandeses sobre a guerra: Zwartboek ("Livro preto") e Oorlogswinter (2008), "a guerra no inverno".

Diferente da visão maniqueista a que estamos mais acostumados, nos filmes holandeses prevalece a consciência de que todos eram vítimas.

Em Oorlogswinter, o governo nazista era capaz de fuzilar o prefeito da cidade na praça central em plena luz do dia. Por outro, os soldados alemães salvam a vida de um garoto (o filho do prefeito) no canal congelado. "Quando os russos chegarem, vamos saber quem é o conquistador", resume uma personagem ao final do filme.

Zwartboek peca por um enrendo meio pastelão, mas mantém a consciência de que bons e maus estão em todos os lados. O filme nos leva a torcer pela vida de um general alemão e, ao mesmo tempo, mostra que na Resitência havia muitos nazistas infiltrados.

Longe de mostrar os "salvadores" que destroem o inimigo nazista, os filmes lembram que os soldados - tanto alemães quanto os resistentes - são homens, com seus medos, com seu ódio, mas também com uma capacidade imensa de ser solidário.

sexta-feira, 12 de junho de 2009 0 comments

Meu Primeiro Saramago


A primeira vez que tentei ler um Saramago, comecei logo por Memorial do Convento - o livro predileto da Amiga-Portuguesa. Foi no tempo de cursinho e com toda a tensão daquele momento, confesso que não saí das primeiras páginas.


Anos depois, já na Faculdade de Letras, o Amigo-Linguista-de-Sinais me deu de presente O Conto da Ilha Desconhecida e avisou que se tratava de uma iniciação a Saramago.


O livro é curtinho, cheio de desenhos. O enredo é delicioso, construído em cima da ousadia de um homem que ordena ao rei: "Dá-me um barco!"
O livro conquistou a todos lá em casa: Mamãe, Irmão-Mais-Velho, Titia... E conquistou também os professores em formação de São Gabriel da Cachoeira, que o encenaram em forma de peça (foto acima).
quarta-feira, 10 de junho de 2009 2 comments

A viagem do Pato

Na minha primeira viagem ao Brasil, resolvi comprar um relógio de parede enooooRme... Redondo, de vidro, com um mapa-mundi desenhado. Lindo!!! (embora nada a ver com a decoração da casa dos meus pais). O relógio permitiria que a mamãe soubesse as horas no Brasil e na Holanda :)

Encontrei-o na Expo da Kalvestraat e comprei-o imediatamente - ainda mais porque o "SALE" inflamava meus instintos consumistas.

Dias depois, qual não foi a minha surpresa quando abri a caixa... Ao invés de "O Mapa-mundi", vinha "O Pato". Sim! Um pato amarelo, E-NOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRR-ME!!!!!!! Daqueles de banheira, sabe?

Seja por preguiça ou por timidez, deixei-me ficar com o pato. Ou melhor, pedi para o Amigo-Americano guardar para mim...

O pato ficou na caixa por um ano... Foi o Namorado da Amiga-Loira que decidiu colocá-lo na parede do apartamento da Guesthouse. E dai, toda vez que vinha visita, eu explicava a razão de ter um pato no meio da sala.

Agora, na casa nova, resolvi que o Pato não ficava bem... E lá vai o Pato de avião pro Brasil, vamos ver se meu Sobrinho ou a Vovó se afeiçoam por ele. Mas, não é que agora, dá-me uma saudade do Pato...
segunda-feira, 8 de junho de 2009 0 comments

Os traços

Hoje foi o dia da Fonologia...

"Em Manchester, discutimos bastante sobre a necessidade de retomarmos a literatura básica - clássica de Fonologia"... No curso da LOT Summer School, revisamos os conceitos de traços, para que eles servem? Basta criar um sistema mínimo? Ou devemos calcar o sistema nos processos fonológicos possíveis nas línguas.

Parece bobo... Quem não é lingüista, sabe muito bem que os lingüistas são pessoas que estudam línguas. Mas nós, lingüistas, gostamos tanto de sistemas abstratos, que às vezes nos esquecemos de olhar para as línguas.
domingo, 7 de junho de 2009 2 comments

O Lustre

Algumas coisas nunca funcionam... E isso independe de estarmos na Europa ou no Brasil.

Instalar o lustre é uma delas! Por algum motivo, a embalagem nunca tem tudo o que você vai precisar. Um manual tenta explicar o processo de instalação. Como o mundo todo tem de receber as mesmas instruções, as empresas tiveram a brilhante idéia de substituir os manuais convencionais com textos por seqüências de imagens. Great! Assim brasileiros, holandeses e japoneses podem olhar os desenhinhos e ... tchanan... instalar o lustre.

O próximo passo é descobrir que o parafuso não é do tamanho certo, porque os parafusos nunca são do tamanho certo! No Brasil, o papai daria um jeitinho com arame e com fio isolante... O papai adora o Magaiver, mas é claro que nem sempre funciona... Ou se funciona, sempre peca pela estética. O Namorado finalmente me ouve e resolve deixar a instalação para amanhã, assim terá tempo de comprar um parafuso do tamanho certo... Claro, pois holandeses e brasileiros sempre deixam para instalar o lustre à noite.
 
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