quinta-feira, 2 de agosto de 2012 1 comments

Será a música ruim um reflexo de um mundo apolítico?

Em texto controverso, Daniel Gorte-Dalmoro refuta a ideia de que a ciência ganharia se os cientistas não perdessem tempo em discussões políticas, manifestações, greves etc -- ideia vinculada quase como uma "verdade absoluta" entre a sociedade paulista (ou será brasileira?). O autor, com jeito bem de provocação, lembra que a faculdade mais "baderneira" da USP abriga seis - filosofia, sociologia, história, linguística, ciências políticas e geografia - dos nove cursos da universidade que estão entre os duzentos melhores  do mundo em suas respectivas áreas. A partir daí o autor defende que a ciência progride quando em diálogo com os problemas do mundo real, quando o cientista não se aliena atrás dos muros da universidade.

Um paralelo pode ser traçado em relação à música. O Brasil dos anos 1960 produziu Geraldo Vandré, Chico Buarque. Com seus versos, afastaram o CÁLICE. O Brasil dos anos 2010, por sua vez, não aceita contestação, parece sonhar em retomar a ditadura (haja vista a pesquisa sobre a nossa falta apreço pela democracia, aqui), sem falar dos comentários de leitores de jornais e de colegas nas redes sociais, que clamam por uma PM que "baixe o cacete" em estudantes. E tanto repúdio por política, parece ter repercussões na produção "semi"-musical do país: estamos condenados a sofrer com letrinhas de amor, que os Leandros e Leonardos espalham por aí.

12 de novembro de 2011.
sábado, 16 de junho de 2012 0 comments

Das delícias de Goiânia!



               Eu sempre fui fã de empadinha em festa de aniversário ou mesmo na cantina da escola. Diante de coxinhas, risoles e outras frituras, a empadinha sempre pareceu uma boa opção assada. Opção hipócrita, porém, já que as empadinhas paulistas são extremamente gordurosas - parecem que são feitas com banha.
              Em Goiânia, o problema da comidinha rápida, gostosa e saudável foi resolvido: as empadas daqui são deliciosas! A massa é levinha, fininha e parece não conter gordura. E os sabores mais variados: as clássicas, palmito, frango; as caríssimas, camarão, bacalhau, queijo com tomate seco; e mais uma infinidade de sabores. Na foto, empadinha de uma loja de empadas em frente ao novo prédio da Receita Federal. A empadinha custa 3 reais e o empadão, 10 reais. A saladinha, eu que fiz para acompanhar.
sexta-feira, 8 de junho de 2012 0 comments

Casa com cara de casa

E não é que o flat ganhou um cantinho com menos cara de hotel e mais cara de casa

domingo, 27 de maio de 2012 1 comments

As 13 flores de Nanjing

Estamos acostumados a ver nos cinemas o terror espalhado pelo Nazismo Alemão. É como se a Alemanha estivesse sozinha em sua empreitada irracional. Em As Flores da Guerra (金陵十三钗 no original :) ), somos apresentados a um outro cenário da guerra: a invasão do Japão à China em 1938.

O filme é uma adaptação do romance As 13 mulheres de Nanjing de Geling Yan. Durante a ocupação, um americano se refugia com um grupo de meninas chinesas em uma igreja. Logo em seguida, um grupo de prostitutas consegue entrar na igreja e também encontram ali refúgio. Fique bem claro: ninguém abre o portão para entrarem, mesmo assim elas não se intimidam e simplesmente pulam o muro.

Como esperado, a convivência entre os dois grupos não é nada fácil. Nos momentos críticos, porém, a rivalidade é deixada de lado diante das perdas. Mais do que briguinhas fúteis, é preciso preservar a honra, a integridade e a vida das mulheres chinesas. A honra acima da própria vida.

Aqui, cabe entender a estratégia de guerra dos japoneses: a destruição moral do inimigo. Para tanto, durante a invasão de Nanjing, 20.000 a 80.000  mulheres e crianças foram estupradas (detalhes na Wiki). Obviamente esse número é controverso: por um lado, os japoneses tentam negar tamanha atrocidade; por outro lado, é sempre possível que as autoridades chinesas exagerem. Uma ou um milhão de mulheres, a atrocidade é a mesma, não é mesmo?

quinta-feira, 24 de maio de 2012 0 comments

Mudamos!

Vista do flat

Ainda não consegui decidir onde vou morar de verdade. Será no norte de Goiânia? Muitas casas, mercadinhos... Será no sul? Restaurantes, shoppings, bons supermercados, avenidas, parques públicos... Goiânia parece dividida em dois mundos: uma enorme Moema, e uma cidadezinha do interior. Por enquanto, estou no sul, no caos da cidade grande. No final do ano, mudarei novamente. Até lá, tenho tempo para conhecer melhor a cidade.




quarta-feira, 4 de abril de 2012 0 comments

Pincher de Itu

Preta, preta, pretinha... 

A Cheli chegou em nossas vidas já causando. A amiga da mamãe contou que sua pincher tinha tido filhotes e decidimos adotar uma. Chegando lá, a filhote já era maior que a própria mãe. Patas gigantescas que levaram a estagiária da veterinária perguntar se era filhote de pastor alemão. Não, garantia minha mãe, ela é pincher. Nem pincher nem pastor, Cheli tornou-se uma vira-lata de porte médio.

E como toda vira-lata, adorava dar uma escapadinha pela rua. Eu entrava em desespero: Ela vai ser atropelada. Dito e feito. Um dia, disparou pelo portão e foi atingida de leve por um carro que descia a ladeira. Assustada com o choque, Cheli desceu a ladeira e sumiu na avenida. Procuramos o bichinho por todo lado: bairros próximos, construções, terrenos baldios, carrocinha... Até que uma semana depois, meu irmão a encontrou em um rio-esgoto perto de casa: A Cheli, a Cheli está no rio, chama o bombeiro. Foi então que descobrimos que bombeiro só resgata bichinho em desenho americano. Meu irmão foi o herói! E eu fiquei encarregada de dar um banho com Protex.

A partir desse dia, cuidados redobrados com o portão. E passeios só com coleira, em minha compania. Certo domingo, eu, o papai e a mamãe decidimos caminhar juntos pelo bairro levando a Cheli. Toda feliz, ela latia para todos os grandões, presos nos quintais. Mas eis que um pitt bull se soltou e a atacou. Pânico! Seria o fim, não fosse um ônibus de linha passar bem naquele momento. Atravessei correndo com a cachorrinha e quase fomos atropeladas. Como o ônibus parou, Cheli conseguiu se esconder embaixo. O pitt bull dava voltas em torno do ônibus, tentando pegá-la. O (ir)responsável do dono não conseguia domar a fera. Desespero. Quando o pitt bull estava do outro lado, Cheli pulava no meu colo pedindo ajuda. Quando ele aparecia, ela corria para de baixo do ônibus. Demorou para o irresponsável dominar o cão-monstro.

Em março, Cheli fez quinze anos. Continua bagunceira, correndo para todo lado. Parabéns, bichinho!


Cuidando da casa

Recebendo a visita do amigo Obama
domingo, 11 de março de 2012 1 comments

Diálogos

Vovó: Onde eu estou?
Cuidadora: Mmmm... deixa eu pensar... no Japão.
Vovó: Ai que bom, sempre quis paquerar um japonês.




Nora: Onde a senhora quer ir hoje?
Vovó: Pro céu.
Nora: O que a senhora quer fazer lá no céu?
Vovó: Um cafezinho pro São Pedro.




Hoje me perdoo muito mais, me exijo muito menos.
 Só sei te dizer que a vida simplificou
(Drica Moraes, na Folha)
domingo, 4 de março de 2012 0 comments

(A)traídos pelo vulcão

Há cerca de dez anos, fiz minha primeira viagem ao Chile. Destino: os grandes lagos e os vulcões de Pucón, além, é claro, de uma passadinha por Santiago. Embora as pessoas costumem fazer esse tipo de viagem no verão, decidimos viajar em julho para aproveitar o inverno.

Ao ver o Aconcagua ainda do avião, desejei ser mais forte, mais aventureira para poder caminhar até o topo. Um daqueles sonhos que é melhor não realizar, né? O meu passeio era bem mais modesto: caminhamos pelas ruas e parques de Santiago. Um senhor varria as folhas que insistiam em cair das árvores do parque. E jovens vendiam na rua poesias para pagar a faculdade e protestar contra o poder disfarçado do exército. Nas livrarias, gramáticas, dicionários e outros livros sobre língua e cultura Mapuche. Nas feiras, artesanato. Uma cultura combativa, apesar da repressão.

E então pegamos um trem para Temuco. Queria ver a noite chilena, mas um funcionário metido a general de Pinochet simplesmente fechou todas a cortinas: sem discussão! que fique bem entendido. De Temuco, seguimos para Pucón, onde alugamos um chalé de madeira. Primeira lição, jamais aprendida: como manter funcionando durante a noite o aquecedor à lenha? Mas quem se importa com o frio, quando há tremores à noite. "Ah... Isso que é um terremoto... Tranquilo" - lembro-me de dizer ainda sonolenta. No dia seguinte, o estrago que o terremoto tinha feito em uma plataforma no lago me deixou mais assustada.

Chovia muito em Pucón. Os dias pequenininhos, a chuva, bons vinhos. Ah... E o Chez Patto, na rua principal: um pãozinho quentinho da lareira, com um molho apimentado. Delicioso! Após três dias, a chuva deu uma trégua e pudemos seguir para o vulcão.

A vegetação vai se tornando escassa, o cinza das pedras vulcânicas invade a paisagem até que tudo é coberto pelo gelo. Pouco à frente, os restos de um elevador para esqui: a estação havia sido desativada na última erupção do vulcão, contou o guia. Um pequeno treinamento, indicava como usar as ferramentas para caso de queda no gelo. Preferencialmente, não cair, afinal com o nervosismo de uma queda, dificilmente um escalador de primeira viagem lembraria da lição.

A caminhada em zigue-zague era extremamente cansativa. Apenas algumas pedras para apoiar. A vista dos dois outros vulcões valia o esforço. Em certo ponto, o guia percebeu que eu não poderia mais continuar. Estava exausta. O grupo seguiu um pouco à frente e eu fiquei sentadinha esperando que eles retornassem. O silêncio, o céu azul, o gelo da montanha, os dois vulcões à frente. A câmera era incapaz de captar o que os olhos viam. E o silêncio, a sensão de morte, de paz. Até que o silêncio foi quebrado por um condor (?). Lindo, enorme, imponente, desprovido de qualquer medo, como se eu fosse apenas mais uma rocha em meio ao branco da montanha.

Não sei quanto tempo se passou até que voltaram. Não foram até o topo do vulcão, porque eu não poderia voltar sozinha, mas creio que demoraram. Não consegui me levantar, as pernas simplesmente não reagiam. O guia me ajudou a levantar e, apoiada nele, desci. 

Até ontem,  pouco refleti sobre os ricos que assumi ao viajar para o vulcão. Simplesmente, vulcões me atraem: a beleza das fotos da Islândia, o silêncio do Villarica. Ontem, um brasileiro chamado Felipe foi encontrado no Villarica. Como ele, muitos outros partiram. Estima-se que entre 1980 e 2002, 34.000 pessoas morreram observando a cratera de algum vulcão - apenas 23 eram cientistas; os demais, turistas (cf. Volcano online). Eu nunca cheguei a ver a cratera . Provavelmente, jamais a verei. Mas continuo irremediavelmente atraída pela beleza dos vulcões.



sábado, 3 de março de 2012 1 comments

A vida da gente na vida da gente

A vida da gente começou na semana seguinte ao derrame da vovó. Fazia muitos anos que não assistia a uma novela, mas a história das jovens irmãs me cativou. Nos primeiros capítulos, pela atmosfera de seriado, com personagens jovens, entrando na faculdade. Mas o que parecia um entretenimento bonitinho, tornou-se angustiante com o acidente que levou Ana ao coma. Nos corredores do hospital (da minha vida real), já se comentava que ela sairia do coma após cinco anos -- acho que as pessoas liam as revistas só para terem certeza de que, pelo menos na novela, haveria um final feliz.

Vovó voltou para casa exatamente no mesmo dia em que Ana mexeu a mão. Emotivas como estávamos, mamãe e eu choramos juntas. Pela vovó? Pela Ana? Pela vida da gente, enfim...

Em que pese minha tendência a gostar de um drama, identifiquei-me com a narrativa. Como na vida da gente, os vilões não eram cruéis e sanguinários, mas apenas pessoas obsessivas, que no fundo tentam fazer o que acham certo. Como na vida da gente, o amor da adolescência não é necessariamente o mesmo amor da vida toda (e esse nem precisa existir). E como na vida da gente, o final feliz não acontece com festas de casamentos, batizados, etc, mas com um simples passeio no parque.
domingo, 12 de fevereiro de 2012 1 comments

De volta à ilha


Nos anos que estive na Holanda, voltei para o Brasil várias vezes: São Gabriel, para o trabalho; São Bernardo, para a família; Sampa, para os amigos; e Praia Grande, para a vovó. Cinco anos sem pisar em Floripa. Nunca na minha vida, tinha passado tanto tempo sem voltar para a  ilha em que mamãe nasceu.
A primeira vez que fui à ilha tinha dois aninhos. Meus pais decidiram acampar na Praia do Santinho - bons anos em que não havia o resort  e poucos turistas se aventuravam pelo paraíso. Todas as manhãs, eu acordava e corria para o "bebé" - era assim que eu me referia à água. Foi a única vez que acampamos. Nos anos seguintes, mamãe decidiu que ficaríamos na casa de sua irmã em São José, uma cidadezinha mais simples, já fora da ilha.
Não pense que a diversão era menor. Papai levava todo mundo para a praia: os meus três primos (a caçula ainda não tinha chegado) e meus irmãos. Eram cinco guris e euzinha :) Nem preciso dizer que cresci bem muleca. Bastava o meu irmão mais velho dizer "Toma cuidado" ou "Fica com a mamãe" para que eu fosse a primeira a subir nas pedras, descobrir cavernas, pular ondas, rolar nas dunas.
 Como titia morava próximo à BR101, aproveitávamos para conhecer outros cantinhos de Santa Catarina: Itapema, Camboriú, Palmas, Bombas e Bombinhas, Laguna, Garopaba, Gravatal, Ibiraquera. E nos dias nublados, aproveitávamos para passear em Blumenau ou visitar as primas da mamãe, no Saco Grande e em Ratones.
Às vezes, meu pai é criticado por ter gasto muito dinheiro em viagens. Dizem que poderíamos ter tido uma casa mais bonita, com movéis mais finos ou mais dinheiro no banco. É verdade... poderíamos. Mas acho que papai tomou a decisão certa: nos ensinou a dividir com os primos, nos inspirou a sermos pequenos descobridores, a valorizar o pôr do sol, a água cristalina... É esta a maior herança que meus pais poderiam ter me dado.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012 0 comments

Sonny Boy

O cinema holandês está sempre tentando entender a guerra e a sociedade que a gerou. Já comentei aqui sobre Zwartboek ("Livro preto", 2006) e Oorlogswinter ("A guerra no inverno", 2008). Em Sonny Boy (2011), a diretora Maria Peters retoma o tempo da guerra para contar a história real de Rika van der Lans e Waldemar Nods. Rika é uma mulher alegre, forte, mãe de quatro crianças que se divorcia do marido quando descobre que está sendo traída. Waldemar é um surinamês que imigra para Holanda em busca de melhor educação. 


Uma mulher separada e um jovem negro? Na Holanda de 2012, pensamentos preconceituosos seriam provavelmente reprimidos (não que tenham desaparecido, mas a maioria das pessoas acredita que cada um deve cuidar de sua vida, desde que não atrapalhe a dos outros). Na Holanda de 1930s, porém, o casal era visto como uma afronta aos valores da época e, portanto, era melhor que estivesse longe dos olhos dos "cidadãos de bem". 

Não espere, porém, um Romeu e Julieta dos anos 1930. Rika e Wald parecem estar juntos mais por amor ao pequeno Sonny Boy do que por serem felizes. Juntos, enfrentam a pobreza, as manifestações racistas da sociedade em geral e das próprias famílias. Os problemas do dia-a-dia, porém, tornam-se menores diante da guerra.

Contar essa história quando a população holandesa começa a votar em políticos conservadores, xenófobos, já é por si só um valor do filme. Para nós, brasileiros, faz refletir sobre atitudes racistas. Se, no passado, pudemos fingir que racismo era coisa de americano, a blogosfera espalha histórias que deveriam acabar com nossa hipocrisia sobre o assunto: o racismo ocorre no restaurante de Sampa (aqui), no supermercado na Bahia (aqui), onde mais?

domingo, 8 de janeiro de 2012 2 comments

Celina, a amiga e a professora


Minha primeira professora de Nheengatú, Profa. Celina, morava em uma casinha de madeira em uma rua do centro de São Gabriel. Vez ou outra, eu passava por lá, sentava, observava ela corrigir as provas (e, às vezes, a ajudava a corrigir), tomávamos um suco gostoso de araçá e conversávamos por horas. Conversávamos sobre as aulas de Nheengatú, sobre o pai dela, sobre quando a pequena nasceu, sobre os últimos acontecimentos em Gabriel... Sempre preocupada com os filhos, com os netos, com os alunos, com o marido e com a vida difícil que levava. Toda a preocupação não lhe tirava o sorriso...

Também trabalhamos muito - o que aliás também era sinônimo de diversão: rimos muito, transcrevendo um mito baniwa; discutimos política, transcrevendo depoimentos de lideranças. Na última vez que estive em São Gabriel, Celina estava trabalhando em período integral e, por isso, não tinha como trabalhar nas transcrições. Generosa, me apresentou a Profa. Marlene, outra figura fantástica do universo gabrielense. Com Profa. Marlene, transcrevi boa parte dos textos usados na gramática do Nheengaú. Quando as duas se juntavam, riam de mim que só. 

Lembro-me que uma vez encontrei Celina em uma festa junina na praia. Ela estava tão bonita com uma blusa preta, radiante ao lado do marido. Ele contava histórias e ela ria, ria... Não há como falar de Profa. Celina sem lembrar ser contagiada por seu sorriso. 


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012 1 comments

Mulheres modernas usam silicone

Atrasada como sempre, acabo de descobrir as maravilhas do silicone. Olha só o bolo de cenoura que eu acabei de fazer:



Tudo muito mais fácil com a forma de silicone e o pincel de silicone


terça-feira, 3 de janeiro de 2012 2 comments

Lições de 2011



Em 2011, eu chorei e fiz um drama nos momentos mais felizes da minha vida. Foram muitas conquistas, realizações de sonhos: o livro, a defesa, o concurso. Eu me angustiei com cada detalhe menos importante. É certo que alguns dos "detalhes" foram criados pelo cinismo e mau-caratismo de alguns, mas não valia a pena tanto stress.

Em 2011, eu quase não chorei nos momentos mais duros da vida. Não havia tempo para chorar, era preciso acordar cedo, dirigir uma hora até o hospital, voltar tarde. Às vezes, era preciso passar a noite aos sobressaltos, prestando atenção em cada movimento.

Nos primeiros dias, queríamos nos revoltar: "Que Deus era aquele de que a mamãe tanto falava?" Com o passar dos dias, vimos que não estávamos sozinhos, que outros netos, filhos, pais, irmãos passavam por momentos semelhantes.

Houve dias que eu me irritei profundamente com crentes que vendiam a cura como se o doente fosse algum tipo de criminoso, infiel. Outros dias, gostaria de ter mais fé. E como doía o entendimento de que a oração mais importante, pedia apenas que aceitássemos um futuro que nem sempre era o que desejávamos: "Seja feita a vossa vontade".

E, sim, em 2011 reapreendi a rezar. Aprendi que rezar é uma forma de desejar o bem, de conectar as pessoas, de mesmo de longe concentrar todas as forças para que alguém se recupere. 2012 começa com uma oração por uma família que precisa de todo o apoio e fé.
 
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