sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sonny Boy

O cinema holandês está sempre tentando entender a guerra e a sociedade que a gerou. Já comentei aqui sobre Zwartboek ("Livro preto", 2006) e Oorlogswinter ("A guerra no inverno", 2008). Em Sonny Boy (2011), a diretora Maria Peters retoma o tempo da guerra para contar a história real de Rika van der Lans e Waldemar Nods. Rika é uma mulher alegre, forte, mãe de quatro crianças que se divorcia do marido quando descobre que está sendo traída. Waldemar é um surinamês que imigra para Holanda em busca de melhor educação. 


Uma mulher separada e um jovem negro? Na Holanda de 2012, pensamentos preconceituosos seriam provavelmente reprimidos (não que tenham desaparecido, mas a maioria das pessoas acredita que cada um deve cuidar de sua vida, desde que não atrapalhe a dos outros). Na Holanda de 1930s, porém, o casal era visto como uma afronta aos valores da época e, portanto, era melhor que estivesse longe dos olhos dos "cidadãos de bem". 

Não espere, porém, um Romeu e Julieta dos anos 1930. Rika e Wald parecem estar juntos mais por amor ao pequeno Sonny Boy do que por serem felizes. Juntos, enfrentam a pobreza, as manifestações racistas da sociedade em geral e das próprias famílias. Os problemas do dia-a-dia, porém, tornam-se menores diante da guerra.

Contar essa história quando a população holandesa começa a votar em políticos conservadores, xenófobos, já é por si só um valor do filme. Para nós, brasileiros, faz refletir sobre atitudes racistas. Se, no passado, pudemos fingir que racismo era coisa de americano, a blogosfera espalha histórias que deveriam acabar com nossa hipocrisia sobre o assunto: o racismo ocorre no restaurante de Sampa (aqui), no supermercado na Bahia (aqui), onde mais?

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