domingo, 22 de novembro de 2009

Reflexões diante da cerca...

Um menino diante de uma cerca, esta é a história do "O menino do pijama listrado", que virou livro e filme...

Aqui na Amazônia, sinto-me um pouco como o menino diante da cerca.

Converso bastante com a classe média daqui - sim, eu tenho paciência! -, é tão incrivel como eles aceitam que exista um abismo social étnico. Outro dia, no café da manhã, uma professora manauara- de universidade pública, pasmem! - me disse que achava certo que alguém tivesse um latifúndio do tamanho da Alemanha: "Se o cara comprou..." Tive ímpeto de Jabor de pular no pescoço dela... Mas lembrei-me da política da boa vizinhança que a mamãe católica dedicou-se tanto a me ensinar... O Jabor contra os taxistas-malufistas e, eu contra a classe média amazonense.

A mesma pessoa foi taxativa "Tenho preconceito SIM contra os índios..." Não é possível condená-la sozinha... É toda uma sociedade que não é capaz de enxergar o mundo em que vive. Como o menino que apesar de tantas aulas de história e geografia, nao sabia que estavam na Polônia. Parece que nossas escolas dedicam-se muito tempo explicando cada detalhe da Revolução Francesa, mas esquecem de contar aos nossos alunos que existem cerca de 180 línguas indígenas nesse país, que é preciso estabelecer políticas de desenvolvimento sustentável na Amazônia, que nao faz sentido construir estrada no meio da floresta, etc.

Meus colegas europeus têm mais consciência da diversidade linguística, cultural e biológica da Amazônia do que meus colegas manauara, que por ironia tem em seu etnonímo a marca -wara do Tupi.

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