terça-feira, 13 de abril de 2010
Diário amazonense,
Tempo de revolução
Dabaru: o destino dos indígenas na cidade
Na foto, eu, Joaquim, Nancy e o pequeno Diego na Casa do Indio no Dabaru.
Segundo Stradelli, Dabaru é um “velho instrumento de supplicio indígena, formado por dous fortes esteios fincados no chão, unidos por uma forte travessa á altura de quatro a cinco metros. A travessa estava suspenso por uma corda um grosso bloco de pedra, prompto a despencar sobre o paciente, logo que fosse cortada a corda. A morte era produzida por esmagamento”. A palavra tem origem no Baré ou no Baniwa.
Por ironia, Dabaru é também o nome de um dos bairros da periferia de São Gabriel da Cachoeira.
No Dabaru, moram Baré, Tukano, Dessano... todos aqueles que decidiram deixar a comunidade em área indígena em busca de uma vida melhor cidade. Buscam principalmente postos de saúde mais bem equipados, escolas públicas (principalmente para formação de jovens em ensino médio), e a possibilidade de aprenderem a usar computador e outras 'coisas de branco'.
Ali, muito da cultura é recriado: centro comunitário, o fato de todo mundo se conhecer, etc. Mas no Dabaru, não há espaço para roça, então é preciso viajar de ônibus um bocado todos os dias para roçar. Ou comprar beijú e farinha dos que chegam de área. O preço, no entanto, não é nada convidativo.
Bairro periférico, há poucas formas de diversão; a violência aumenta progressivamente; os preços da cidade são de arrepiar; a elite da cidade dificilmente contrata indígenas para trabalhar no comércio; muitas casas não tem banheiro. Se a prefeitura precisa economizar em luz elétrica e água encanada, fará primeiro no Dabarú (e nos bairros vizinhos, Areal, Miguel Quirino).
Rapidinho, o sonho da cidade se transforma logo em sonho de voltar a comunidade.
Para que ninguém abandone a própria comunidade, bastaria investir na formação de professores indígenas e garantir que o sistema de saúde chegasse nos momentos mais necessários na comunidade.
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