domingo, 18 de abril de 2010

Duas visões

Em 2009, dois filmes contaram a história extremamente pesada de estupros seguidos de assassinato: O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, Argentina/Espanha) e Um Olhar do Paraiso (Lovely bones, Hollywood).

Ambos tratam do desespero daqueles que buscam justiça e que tentam reconstruir a própria vida, após perderem suas amadas - a filha/irmã/amiga Susie, uma garotinha de 14 anos em Lovely Bones; e uma jovem linda esposa, no caso do filme argentino.

Com orçamento de $65 milhões, o filme americano apela para efeitos especiais (criados por Spielberg), uma vez que a garotinha assassinada acompanha do além a desestruturação de sua família, a busca incansável de um pai por justiça. E se já não bastasse, a menina teme ainda pela vida da irmã que tem de conviver com o vizinho assassino.

Com orçamento de apenas €2 milhões, O Segredo dos seus olhos mantém-se no nível do real. Aqui, o ponto de vista é de um funcionário público que tenta entender 25 anos depois o caso policial que mais marcou sua vida no Tribunal de Justiça. "Não A Justiça, mas UMA Justiça", diz a doutora (provavelmente promotora) Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil).

A Justiça, porém, tanto nos Estados Unidos quanto na Argentina, se mostra completamente incapaz. Cabe às vítimas procurarem alguma forma de justiça (ou vingança?).

O Segredo dos seus olhos obriga a pensar... Destrói nossas concepções sobre o bem e o mal e coloca-nos diante do 'ser humano' e suas paixões. O filme é duro, tenso, arrasador. Oscar de Melhor Estrangeiro e maior bilheteria na Argentina nos últimos 35 anos super merecidos.

Lovely Bones é maniqueista. Além disso, a necessidade hollywoodiana de aparar todas as arestas, torna o final do filme insuportável.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi de novo. Eu não assisti o filme Argentino - infelizmente, nessa terra a gente sofre pra conseguir qualquer coisa fora do circuito convencional. Celebramos quando chega algum filme Europeu por aqui! Enfim, não assisti a Lovely Bones também, porque eu li o livro e não quiz estragar. Eu recomendo o livro, Aline. Foi um livro difícil especialmente quando eu li (depois de ter sido drogada, e não lembrar de nada do que aconteceu a noite), mas foi crucial no meu processo de cura contra meus próprios traumas. Alice Sebolt, chama a escritora...

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