No mês de março, meu tempo concentrou-se em duas experiências profissionais. A primeira foi o Workshop on Mood and Modality, organizado em Leiden. A segunda, o preparo para atender um convite para ministrar uma aula sobre Fonologia de Contato para um grupo de mestrado em Leiden. Em ambos, trabalhei com 'história da língua' (no caso, o Nheengatú ou língua geral amazônica).
Eu tenho uma tendência forte a trabalhar com as origens das formas lingüísticas. No mestrado, trabalhava com Historiografia Lingüística. E todos os artigos que publiquei até agora tratam de fases de desenvolvimento de uma língua. Apesar disso, esse tema sempre me deixa em pânico.
No workshop, apresentei evidências lingüísticas e históricas para sustentar a hipótese de que paa (o reportativo do Nheengatú) seja um empréstimo do Baniwa. Como disse um Linguista-Importante, todos os argumentos convergem para que a sua hipótese esteja correta. Mesmo assim, ao apresentar estava em pânico. Por que? Porque sempre que entramos no campo da história, as evidências se tornam mais fluidas, dependemos de documentos alheios, do intangível...
Meus orientadores não cansam de me dizer. Fazer ciência é fazer hipóteses... Uma hipótese se diferencia de pura especulação pelo fato de utilizarmos todas as ferramentas teóricas e dados coletados para sustentar nossa hipótese. Dizem ainda, no seu desenvolvimento você vai estar sempre reformulando hipóteses (quem não faz isso, trata ciência como religião - é dogmático). Preciso aprender a lidar com isso e ser menos positivista...
P.S.: Falo sobre a aula no próximo post.
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