sábado, 3 de julho de 2010

O Jornalismo marrom ataca novamente

"Indiferentes à Copa, índios trocam os jogos do Brasil por 'peladas' no quintal", esse é o título de uma reportagem aparentemente despretenciosa no UOL. Só aparentemente... A reportagem é uma clara demonstração do anti-indigenismo da imprensa brasileira (haja vista, o caso Veja X Viveiros de Castro).

A jornalista visitou uma comunidade indígena Guarani durante o jogo do Brasil e viu poucas pessoas no centro comunitário assistindo ao jogo e crianças jogando uma pelada no quintal. Dessas duas imagens, concluiu "Torcer pela seleção brasileira à maneira indígena é sinônimo de vestir e enfeitar as casas com algum verde e amarelo, mas sem abandonar o ritmo desacelerado de hábito nem sofrer ou se revoltar pelo resultado". No decorrer do texto, entretanto, o diretor da Associação Indígena explica que muitos estavam vendo o jogo em casa (mas a jornalista não se deu ao trabalho de visitar as casas para ver). Os que foram ao centro, saíam antes. Demonstração de falta de interesse? Dá a entender a jornalista do UOL... Eu diria que é o jeito deles de se comportarem diante de um jogo patético... (Meu Namorado, holandês, ao ver a linda atuação do Brasil no comecinho do primeiro tempo, também levantou e foi levar o lixo pra fora - demonstrando que não queria ver seu país levar uma goleada).

A jornalista só en passant cita o fato dos Guarani enfeitarem as casas de verde-amarelo e não comenta o fato das fotos mostrarem crianças com camisetas do Brasil. Um lugar muito pobre, mas ainda assim gastaram dinheiro com decoração e camiseta. Isso não é torcer pelo Brasil?

Eu não estava lá para ver... Mas nas comunidades indígenas em que estive no Rio Negro, sempre vi demonstrações quase ufanistas de patriotismo. Vejam as fotos:


Toda sexta-feira em Anamuim (Rio Xié), as crianças cantam o Hino Nacional e hasteiam a bandeira (foto de 2007)


Boa Vista (Içana) se preparando para o Desfile de Sete de Setembro, que reuniu na comunidade vários indígenas da região. Nesta mesma comunidade, eu vi todos cantando o Hino no dia do soldado. (Não me lembro de festa ao soldado na minha escola em Sao Bernardo do Campo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
;