segunda-feira, 12 de julho de 2010

WK

Há tempos não se via Amsterdam tão holandesa. Até no dia da Rainha, a festa é dos turistas e estrangeiros. Mas, ontem, Amsterdam era holandesa. O Inglês deu lugar ao Holandês. Aqui e acolá, uma bandeira espanhola. O respeito pelo outro está acima de tudo — sempre!

Chegamos ao Museumplein exatamente na hora do jogo. Já no hino uma ironia

Een Prince van Oranje
ben ik, vrij onverveerd,
den Koning van Hispanje
heb ik altijd geëerd

(Um príncipe de Orange,
eu sou, livre e sem medo.
O rei da Espanha,
eu sempre honrei).

Memórias de um tempo em que os espanhóis mandavam por aqui. Os telões eram gigantescos, mas faltaram colinas para que fosse possível enxergá-los de longe. Caminhamos. Todos de Laranja, a cor da dinastia. No caminho uma imensa TV em uma loja e algumas pessoas assistindo ao jogo dali. Paramos. Era preciso ver o jogo, mesmo que o que víamos era decepcionante.

Intervalo.

Leideseplein. O laranja das camisetas dava lugar a corpos suados, tatoos. Cerveja. Pouca. Por 5,20 euros, ninguém se arriscava — e, geralmente, quem o fazia se esquecera de perguntar o preço. Hop Hop Holland! Em tempos de WK, não se grita Netherlands — nome criado para dar mais autonomia aos países baixos, especialmente a Frísia e Limburgo. Hop Hop Holland! E eles lutaram... Mas Robben perdia todas as oportunidades criadas. Que maldito treinador não colocou Wesley Sneijder na frente? Irritações do Namorado... Eu apenas assisto. E torço. Muito. É preciso vencer.

Intervalinho.

O duelo recomeça. Os guerreiros milhonários já estão cansados. Questão de tempo para ver o triunfo espanhol. O cartão vermelho encerra a luta. Calma, ainda há chance, eles têm de levar para os penaltis. Não o fazem. Desejam a vitória, mas já estão fracos para lutar. E de repente, gol. Let’go home.

How? I’m hungry... Ok, let’s eat first. O jogo ainda não terminou, mas as filas já começam a se formar.

So, where we go? Everybody is going to the Centraal. Better to go to Zuid.

Silêncio. Amsterdam queria ouvir mais Holandês, mas só pôde ouvir o silêncio.

O silêncio é quebrado apenas por casais que discutem. As mulheres lembravam que era só um jogo, brincadeira. Os homens lembravam que o futebol é a guerra dos tempos de paz. Era preciso vencer. Mas não venceram. A derrota da seleção revitaliza as próprias frustrações.

De Leideseplein a Zuid. 30, 40 minutos? Não tínhamos relógio. Apenas sei que chegamos à estação meia-noite e cinco. Trem. Em 15 minutos estávamos em Hoofddorp. Cadê a chave da bicicleta? Procura-se... Enfim, encontramos no chão, ao lado da bicicleta. Terá caído neste minuto ou há horas atrás? Melhor agradecer ao Papai do Céu. Home. Rose wine. Internet. WOW! It is already 3.30. Good night.

2 comentários:

Kelli Machado disse...

É... mas a Espanha mereceu...

Aline da Cruz disse...

Ah... vai...
A Holanda bem que merecia o trofeu de campeão de Kung Fu.

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